França/UNESCO: Arquipélago dos Bijagós já é Património Mundial Natural
Bissau, 14 Jul 25 (ANG) - O arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, foi classificado no domingo pela UNESCO, em Paris, como Património mundial natural.
Não era a primeira
candidatura destas ilhas, que já são também Reserva da Biosfera. Viriato
Cassamá, Ministro do Ambiente, da Biodiversidade Ação Climática, festejou com a
sua delegação na capital francesa. O Insituto da Biodiversidade e Áreas
Protegidas também celebrou o evento na
noite de domingo, na capital guineense.
O
Comité do Património Mundial da UNESCO está reunido até dia 16 em Paris, na
sede da organização.
Foi
neste contexto que o Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura anunciou no domingo ter validado este segundo pedido da Guiné-Bissau
para que as Ilhas Bijagós ficassem doravante com o estatuto de Património
Natural Mundial.
O
arquipélago de 88 ilhas é habitado por 33 000 pessoas e possuía desde 1996 o
estatuto de Reserva da Biosfera.
Estas
ilhas têm três parques naturais, nas ilhas de Orango, em João Vieira e Poilão e
nas ilhas Urok.
Uma
área natural onde nidificam tartarugas, vivem hipópotamos e se alimentam aves
migratórias, provenientes do norte da Europa.
O
Ministro do Ambiente, Viriato Cassamá, contou à RFI, o que foi feito para que,
desta feita, se alcançasse, mesmo, este prestigioso estatuto para as Ilhas
Bijagós, após o chumbo de uma primeira candidatura há mais de uma década.
“Houve
várias recomendações por parte do Comité do Património Mundial e nós, ao longo
desses últimos anos, trabalhámos arduamente a fim de podermos cumprir com todos
os pressupostos elencados na altura pelo Comité e, felizmente, conseguimos
cumprir com todos esses pressupostos. A razão pela qual reapresentámos a
candidatura do arquipélago dos Bijagós ao sítio de Património Natural da
UNESCO.
Estamos
a celebrar porque é um acontecimento que todo o povo e amigos da Guiné-Bissau tem
acompanhado nestes últimos meses e, felizmente hoje, pela reacção de todo o
pessoal, nota-se que todo o mundo está contente porque trata-se de um desígnio
nacional, um
património mundial natural no nosso país é muito importante. De mais a mais, é
o primeiro que nós temos ao nível da Guiné-Bissau. Está todo o
mundo contente. Estamos a festejar não só aqui em Paris, como também em Bissau,
na sede do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas. Hoje, às 19h de
Bissau, iremos celebrar, mas quando regressarmos vamos ter que celebrar em
força esta acontecimento”, disse o governante.
Mas
qual será, de facto, a grande diferença entre a Reserva da Biosfera que já era?
Este arquipélago guineense agora chegar a este patamar. Prevêem-se
grandes mudanças ?
“A
Reserva da Biosfera é uma classificação que não chega ao patamar do Património
natural mundial. Com certeza... nós estamos muito contentes porque a partir de
agora, a Guiné-Bissau irá figurar no mapa do mundo no que toca à conservação da
biodiversidade e do ambiente no seu todo, não é?”, disse Cassamá.
Mas não
é uma faca de dois gumes ? Ou seja, mais visibilidade, maior notoriedade,
talvez mais turismo, mais visitantes, maior pressão demográfica. E, de facto, o
ambiente destas 88 ilhas é extremamente frágil, vulnerável, há muitas
insuficiências a nível de infra-estruturas sanitárias e tantas outras.
Como é
que vai ser gerir isto? E em que medida é que, de facto, o que é o
"Tesouro" da Guiné-Bissau, em relação a esta área natural, pode ser
mesmo preservada sem um afluxo que possa vir a colocar em causa este
"tesouro"?
“Sem
sombra de dúvida. Por isso é que há o princípio do desenvolvimento sustentável
nós temos que saber equilibrar o desenvolvimento económico, cultural e
ambiental, não é?
E é
nesta base que se propôs a candidatura. Nós temos a plena consciência dos
possíveis perigos, mas vamos trabalhar nisso porque agora a classificação
passou, não é?
Mas
vamos ter que trabalhar nisso. Vamos ter que ter um plano de acção. Como é que
vamos gerir isto tudo? Porque nós temos uma política da sustentabilidade no
país e vamos promover
muito mais o turismo sustentável, porque esta passagem para o
Património Mundial natural da UNESCO tem uma importância não só estratégica
como também ecológica, cultural e socio-económica. Não é pelas seguintes razões
que eu posso elencar aqui. O reconhecimento internacional do valor excepcional
do património natural da Guiné-Bissau vai, com certeza, em termos de
biodiversidade e conservação ambiental, como eu disse, colocar a Guiné-Bissau
no mapa global da excelência Ambiental.
Também
representa o reconhecimento oficial da comunidade
internacional do valor universal que o arquipélago tem,
particularmente pelas suas zonas húmidas, ecossistemas costeiros, florestas,
mangais, praias onde se edificam as tartarugas marinhas e as zonas de
alimentação de muitas aves migratórias que saem mesmo dos países nórdicos da
Europa.
E como
segundo ponto, nós apontámos muito o reforço da protecção e da conservação
ambiental que
irá permitir, com certeza, fortalecer os mecanismos de gestão e de conservação
dos ecossistemas sensíveis através de parcerias técnicas e financeiras com
algumas instituições internacionais.
Também
iremos atrair muitos
investimentos para protecção da biodiversidade. Neste caso, a
protecção das espécies emblemáticas como o manatim africano, que estão em vias
de extinção, as tartarugas marinhas, os hipopótamos e algumas aves migratórias.
Também
temos que promover
o "saber fazer" tradicional, porque o que temos nos
Bijagós é graças ao "saber fazer" tradicional das comunidades
ancestrais e tem posto em prática e passar este conhecimento para as novas
gerações, não é? Por isso é que temos todo esse manancial de biodiversidade no
arquipélago dos Bijagós. E temos que continuar e valorizar o saber fazer
tradicional, preservar a identidade cultural única dos Bijagós. Nós pensamos
que essa nossa política irá continuar. Irá ser o apanágio de toda a nossa
acção. A sua inscrição também trará, com certeza, as oportunidades do
desenvolvimento sustentável”, disse.
E o
isolamento relativo em termos de acesso às comunicações aleatórias não podem
ser um calcanhar de Aquiles para implementar muitas destas políticas ?
“Sem
sombra de dúvida. Por isso é que existe um fundo do Comité do Património
Mundial. É este fundo. Ainda tive reuniões paralelas antes de ontem. Fundo do
Comité do Património Mundial está disposto para acompanhar a Guiné-Bissau. O
arquipélago existe. Já há turismo na zona, independentemente de ser o
Património natural mundial da UNESCO. Como disse e bem, já era Reserva da
Biosfera. E, mas nós temos estado a equilibrar o turismo com a preservação da
biodiversidade”.
Portanto,
não será só Bubaque. João Vieira Outras ilhas poderão vir a ser apostas deste
turismo tão ligado para o meio ambiente ?
“Sem
sombra de dúvidas, sim, sim”.disse Viriata Cassamá. ANG/RFI

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