Rússia/Alegado suicídio de ex-ministro dos Transportes choca elite política
Bissau, 11 Jul 25 (ANG) - O alegado suicídio do ex-ministro dos Transportes russo Roman Starovoit, anunciado pouco depois de ter sido demitido na segunda-feira por presumível corrupção, chocou a elite política do país.
O funeral realizou-se hoje num cemitério
de São Petersburgo, na presença da família e colegas, mas na ausência do
Presidente russo, Vladimir Putin, que também não compareceu no velório, na
quinta-feira.
Embora as
circunstâncias da morte de Roman Starovoit, de 53 anos, permaneçam por
esclarecer, a imprensa russa noticiou uma investigação de corrupção, afirmando
que a detenção do ex-ministro devia acontecer em breve.
Demitido por Putin,
terá provavelmente cometido suicídio, de acordo com os resultados iniciais da
investigação, ainda a decorrer.
A demissão aconteceu
na segunda-feira, depois de drones ucranianos terem causado o caos nos
aeroportos russos, especialmente em Moscovo e São Petersburgo, onde foram
cancelados e adiados mais de 2.000 voos em três dias por questões de segurança.
Poucas horas depois,
o corpo de Starovoit foi encontrado dentro do seu automóvel, com um ferimento
de bala.
Durante o velório,
onde a agência de notícias francesa AFP esteve presente, a mulher de um colega
de Starovoit foi a única a lamentar a morte, afirmando ser "uma grande
perda e muito inesperada".
Depois de depositarem
grandes ramos de rosas vermelhas no caixão, os antigos colegas de Starovoit,
vestidos com fatos escuros, deixaram rapidamente o local em luxuosos carros
pretos, num ambiente que, segundo o jornalista, fazia lembrar um funeral no
filme de culto "O Padrinho", de Francis Ford Coppola.
Roman Starovoit foi
governador da região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, antes de ser
promovido a ministro em Moscovo, em maio de 2024, três meses antes de as tropas
ucranianas terem tomado o controlo de uma pequena parte do território numa
ofensiva surpresa. O ataque foi um revés para o Kremlin.
O sucessor como chefe
da região, Alexei Smirnov, foi preso na primavera por desvio de fundos
destinados ao reforço das fortificações fronteiriças.
O caso Starovoit faz
parte de uma recente repressão contra altos cargos suspeitos de enriquecimento
ilegal durante a ofensiva russa na Ucrânia.
Embora Putin prometa
regularmente combater a corrupção --- tendo sido acusado de enriquecimento
ilícito por críticos ---, as raras detenções de responsáveis costumavam ser
usadas para atingir opositores ou acabar com disputas internas entre os
escalões mais baixos do poder na Rússia.
Desde a ofensiva na
Ucrânia, lançada em fevereiro de 2022, "algo no sistema começou a
funcionar de forma completamente diferente", sublinhou a politóloga
Tatiana Stanovaya, do Carnegie Russia Eurasia Center, proibido na Rússia por
ser uma "organização indesejável".
"Qualquer ação
ou omissão que, aos olhos das autoridades, aumente a vulnerabilidade do Estado
a ações hostis do inimigo deve ser punida impiedosamente e sem
concessões", afirmou à AFP.
Para o Kremlin
(presidência russa), a campanha na Ucrânia é uma "guerra santa" que
reescreveu as regras, considerou Nina Khrushcheva, professora na The New
School, uma universidade em Nova Iorque, e bisneta do líder soviético Nikita
Khrushchev. ANG/Lusa

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