Cabo Verde/PR cabo-verdiano distancia-se da mediação na Guiné-Bissau
Bissau, 01 Dez 25(ANG) - O presidente cabo-verdiano distanciou-se hoje de um grupo de chefes de Estado que deverá deslocar-se à Guiné-Bissau, para tentar mediar a crise no país, justificando-se com as relações históricas entre os dois países.
"Alguns chefes de Estado deverão deslocar-se à
Guiné-Bissau. Nós, fazendo uma avaliação mais fina da situação, decidimos distanciar-nos da comissão de
mediação, tendo até em conta as relações históricas entre Cabo Verde e
Guiné-Bissau, mas desejamos o melhor para que se consiga
ultrapassar este momento de crise política", afirmou José Maria Neves,
citado pela Rádio de Cabo Verde (RCV).
"Vamos
continuar a dar a nossa contribuição no quadro da CEDEAO [Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental] para a resolução desta situação de golpe de
Estado", acrescentou.
O chefe de Estado
recordou, tendo em conta a "sensibilidade da questão", que Cabo Verde
mantém relações muito próximas com a Guiné-Bissau e os dois países partilharam
uma luta de libertação do regime colonial português.
Por isso,
"convém que Cabo Verde, nesta fase, não esteja muito envolvido nesta
questão, de modo a poder dar uma contribuição mais ampla no quadro da
CEDEAO. No dia 14 deverei estar em Abuja, para participar na cimeira da
comunidade e nessa ocasião daremos, com certeza, a nossa contribuição,
relativamente aos resultados dessa primeira deslocação dos chefes de Estado à
Guiné-Bissau", disse.
"Não queremos
imiscuir-nos nos assuntos internos da Guiné-Bissau, nem comentar ou analisar
esta situação, até para não complicar o quadro negocial (...). Houve um golpe,
já há um Presidente de transição, um novo Governo nomeado e são esses os
dados com que devemos trabalhar", acrescentou.
José Maria Neves
disse ainda desejar "o melhor para o povo da Guiné-Bissau" e esperar
que a situação se resolva "de forma pacífica, através de negociações entre
as partes", prometendo contribuir para o diálogo e para que se alcancem
soluções.
A crise na
Guiné-Bissau começou quando um grupo de militares tomou o poder a 26 de
novembro, destituindo o presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o
país, e suspendeu a divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de
novembro.
O general Horta
Inta-A foi empossado presidente de transição pelo período de um ano, após o
golpe, e nomeou Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló, como
primeiro-ministro e ministro das Finanças.
As eleições, que
decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a participação do
principal partido da oposição, o Partido Africano da Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, que foram
excluídos da disputa.
Simões Pereira
apoiou Fernando Dias da Costa, outro candidato opositor, que reivindicou a
vitória na primeira volta.
A detenção de
Domingos Simões Pereira e a tomada de poder pelos militares estão a ser
denunciadas pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos
resultados eleitorais.
O golpe militar foi
condenado pela comunidade internacional, e a Guiné-Bissau foi suspensa da
CEDEAO e da União Africana (UA) até que a ordem constitucional seja
restabelecida. ANG/Lusa

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