Parlamento dá luz verde à intervenção militar na Líbia
Bissau, 03 jan 20 (ANG) - O
Parlamento turco aprovou quinta-feira, 2
de janeiro,com 325 votos a favor e 184 contra a moção que autoriza o envio de
soldados turcos para a Líbia.
O chefe de Estado Erdogan
teve a garantia do apoio dos deputados de seu partido e de seu aliado
ultranacionalista, mas a oposição se uniu contra o texto.
Caberá agora ao governo turco decidir sobre
o número de militares, o tempo de permanência em solo líbio e área exata de
atuação das tropas.
Mais do que envio de soldados por terra, o
que se prevê para a operação da Turquia na Líbia é o suporte para treinamento e
a ocupação do espaço aéreo. Nada disso tem ainda hora para começar. Mas tem
prazo para acabar: a validade é de um ano após a aprovação da medida.
A contar pelo momento em que o Parlamento
turco votou a moção, o governo de Ancara tem pressa. A expectativa era de que o
texto fosse avaliado apenas na semana que vem, quando o legislativo voltaria do
recesso de inverno. Mas, nesta quinta-feira (02), os legisladores turcos foram
convocados e o projeto recebeu 325 votos a favor por parte do AKP, o partido do
presidente Tayyip Erdogan, juntamente com seus aliados nacionalistas, contra
184 votos dos partidos de oposição. Ou seja, placar com ampla vantagem para os
governistas.
A Turquia vai atuar na capital Trípoli ao
lado do governo líbio reconhecido pelas Nações Unidas, o chamado Governo de
Acordo Nacional. Enquanto isso, outros países apoiam o general Khalid Haftar,
que domina hoje o leste da Líbia.
A decisão turca foi rapidamente criticada
pelo Egito que, ao lado de Emirados Árabes e Rússia, é um dos principais
apoiadores do militar, que controla o leste líbio.
O governo do Cairo declarou que condena
fortemente a entrada militar da Turquia e que o deslocamento de tropas turcas
afetará negativamente a estabilidade da região mediterrânea, pedindo à
comunidade internacional uma resposta urgente.
O presidente americano também se
manifestou contrário à ação militar em Trípoli. Por enquanto, de forma
reservada. Donald Trump discutiu a situação por telefone com Tayyip Erdogan e
destacou a importância da diplomacia para resolver questões regionais.
O tema também será central no encontro de
Erdogan com o presidente russo Vladimir Putin na próxima semana em Istambul.
Apesar de estarem em lados opostos também na Síria, os dois têm se falado
constantemente e mantido o tom cordial, posicionando-se como protagonistas na
mediação de conflitos no Oriente Médio.
Assim como os Estados Unidos, o bloco
europeu prefere a discrição. A União Europeia depende da Turquia para conter a
entrada de refugiados e se calou diante da nova empreitada externa turca.
Para um país que já não vai bem
economicamente, como a Turquia, o avanço para além do Mediterrâneo representa
uma oportunidade e um risco. De acordo com analistas políticos, depois da
intervenção militar na Síria, a futura entrada na Líbia é um novo exemplo da
crescente autoconfiança turca como uma potência regional.
Tayyip Erdogan tem como objetivo retomar a
posição turca de líder no mundo islâmico com essa política expansionista a fim
de reviver os tempos áureos do antigo Império Otomano. Ele lembrou recentemente
que a Líbia foi o último território da época dos sultões a ser perdido. Foi em
1912, quando passou para o controle da Itália.
As operações com Exército também tiram a
Turquia da posição de isolamento e a coloca na mesa de negociação lado a lado
com outros países. Além do acordo militar, o governo de Ancara assinou em
novembro com Fayez al-Sarraj, o primeiro-ministro do governo reconhecido pela
ONU na Líbia, parceria que dá direito à demarcação de fronteiras marítimas para
a Turquia explorar zonas do Mediterrâneo ricas em gás e petróleo.
São áreas desejadas por outros países como
Grécia, Egito, Chipre e Israel. Arriscado é prever como a Turquia vai sustentar
várias frontes de confronto tanto no campo diplomático quanto financeiro. E há
quem diga até que tudo isso é para estimular o nacionalismo e Erdogan angariar
seguidores internamente para uma possível convocação antecipada de eleições
gerais neste ano. ANG/RFI
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