COP 29/ONU apela à "cooperação mundial"
Bissau, 11 Nov 24 (ANG) – A 29.ª
conferência climática da ONU sobre as alterações climáticas arrancou esta
segunda-feira e deve decorre até 22 de
Novembro em Baku, no Azerbaijão.
Na abertura do encontro, o responsável da ONU
para o Clima, Simon Stiell, apelou à cooperação mundial.
O encontro acontece seis dias após a
reeleição de Donald Trump para a presidência norte-americana. Sem mencionar os
Estados Unidos, o responsável da ONU para o
Clima, Simon Stiell, declarou na abertura da conferência
que “É tempo de mostrar que a cooperação mundial não está estagnada e que está
à altura do momento”.
No outro lado da equação da COP estão os
países em desenvolvimento que, nas margens do Mar Cáspio, pedem centenas de
milhares de milhões de dólares em financiamento climático.
A COP 29 tem como principal objectivo definir
o montante da ajuda climática dos países desenvolvidos aos países em
desenvolvimento, para que estes possam crescer sem recorrer ao carvão ou ao
petróleo e enfrentar as ondas de calor e as inundações, cada vez mais
frequentes.
Actualmente fixado em 116 mil milhões de
dólares por ano, os países mais pobres reivindicam que o novo compromisso
deverá ser expresso em milhares de milhões anuais. O ocidente considera que
esse valor ultrapassa os limites reais das suas finanças públicas.
O presidente da COP 29, Moukhtar Babaïev, no discurso de abertura, falou em “centenas de
milhares de milhões” mas, até ao momento, nenhum negociador revelou as
suas intenções.
“A COP 29 é um
momento de verdade para o Acordo de Paris”, garante Babaïev, ministro do
Ambiente do Azerbaijão e ex-dirigente da petrolífera nacional, Socar.
África é responsável
por apenas 4% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas grande parte
do financiamento que recebe para transição energética, adaptação e mitigação
acontece sob a forma de empréstimos, agravando a dívida dos países.
Carlos Lopes, economista, professor na Universidade do Cabo, África do
Sul, sublinha a
necessidade de se repensar o financiamento climático e defende que os países
africanos não deveriam ter de pedir dinheiro emprestado para resolver os
problemas climáticos que não causaram.
O actual momento
político de “grandes
convulsões”, aliado a um anfitrião da COP29 - Azerbaijão - apenas
preocupado em assegurar o bom funcionamento logístico do encontro, faz prever o
‘chutar a bola’ para a COP 30. A verificar-se uma não conclusão deste imbróglio
do financiamento climático, Carlos Lopes, que preside o Conselho da Fundação
Africana para o Clima, alerta que no próximo ano, no Brasil “a situação vai ser
ainda mais complicada”.
Segundo a ONU Clima,
cerca de 51.000 participantes estão acreditados, menos do que na COP 28 no
Dubai no ano passado. Várias ONGs criticam a realização da conferência num país
que celebra o petróleo como um “presente de Deus” e onde as autoridades
detiveram e processaram diversos activistas ambientais.
No que diz respeito
aos Estados Unidos, para que o país saia do Acordo de Paris, adoptado em 2015,
bastaria uma assinatura de Donald Trump ao tomar posse na Casa Branca a 20 de
Janeiro de 2025. A acontecer, os Estados Unidos da América juntar-se-ia ao
Irão, Iémen e Líbia, que também não fazem parte do acordo. O texto compromete o
mundo a limitar o aquecimento a 2°C e a fazer esforços para mantê-lo em 1,5°C
em relação ao final do século XIX.
Apesar dos apelos e promessas da Europa, poucos são os líderes europeus a deslocar-se ao Azerbaijão. Nem Emmanuel Macron nem Olaf Scholz participarão no encontro de uma centena de líderes, na terça e quarta-feira, e apenas uma pequena parte dos líderes do G20 estará presente. Lula da Silva, presidente do Brasil e anfitrião da COP 30 no próximo ano, também estará ausente.ANG/RFI
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