Moçambique/Chapo e partidos da oposição assinam acordo
enquanto Mondlane fica de fora
Bissau, 06 Mar 25 (ANG) - O
Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, assinou quarta-feira um acordo
político com os partidos da oposição que visa pôr fim à crise pós-eleitoral.
No entanto, esta assinatura que
decorreu durante uma cerimónia em Maputo, aconteceu sem a presença do principal
adversário de Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, que não integra qualquer força
política.
De forma a colocar um
ponto final nas violentas manifestações que até hoje contestam os resultados
eleitorais de 09 de Outubro, Daniel Chapo, Presidente de Moçambique, assinou
hoje um acordo com as forças da oposição para levar a cabo reformas
estatais, de forma a estabelecer um diálogo político no país. O líder do
Podemos, Albino Forquilha, explicou os objectivos deste protocolo.
"Mais do que
palavras, o tempo é de acção. Exige de cada um de nós maior determinação,
responsabilidade e compromisso com os interesses nacionais da pátria
moçambicana, acima dos interesses particulares e dos nossos partidos políticos.
Em nome dos partidos políticos da oposição e meu próprio, cumpre renovar a todos
vós os meus desejos de um Moçambique desenvolvido, reconciliado e sem tensões,
traçar caminhos rumo a um Moçambique unido na diversidade, próspero,
desenvolvido. Pois este acto constitui pressupostos fundamentais de união e
envolvimento de todos os moçambicanos nos esforços que visam conter e eliminar,
de uma vez para sempre, as cíclicas instabilidades e crise com que o país se
depara na luta pela alternância do poder político, como o político e cidadãos
como homens de boa fé e guiados pelo espírito de boa vontade e no amor
incondicional à Pátria, não podemos normalizar a perturbação da ordem pública",
indicou o líder do Podemos.
Já o ex-candidato
presidencial Venâncio Mondlane classificou como um acordo “sem povo" o
entendimento político a ser assinado hoje pelo Presidente moçambicano e
formações partidárias no âmbito das reformas estatais, prometendo protestos
diários por cinco anos.
Algumas horas antes
da assinatura do acordo, a comitiva em que seguia Venâncio Mondlane foi
alvo de disparos pelas autoridades hoje em Maputo, com registo de um ferido.
Vários populares, no local, testemunharam ao nosso correspondente Orfeu Lisboa,
como tudo aconteceu, numa altura em que os apoiantes de Mondlane o aguardavam,
tendo a polícia acabado por dispersar a concentração.
"O Venâncio quando
chegou, a polícia começou a balear para o povo moçambicano. Começou a atirar
gás lacrimogéneo. Então o povo, como queriam ver o Venâncio e como ele tinha
dito que vinha, mas ele não conseguiu chegar. Acabou por abandonar.
Não sabemos onde ele está. Não queremos vandalizar nada Somente queremos que
ele chegasse aqui. Isso seria muito bom", explicou um apoiante do
candidato.
Outro jovem presente
no local mostrou-se preocupado com esta demonstração de força por parte das
forças de segurança.
"Estou preocupado.
Estão a tirar a vida de um ser humano sem nenhum motivo. É como um jogo, você
não pode assistir à equipa de que você gosta, porquê ? Por que motivo ? Não é
desse jeito que nós queremos que o país fosse ficar ! Estão a matar pessoas,
crianças que estavam a sair da escola. Ainda mais estão a vir aqui a ameaçar.
Não é assim que se resolve: com balas?! Já não respeitam o povo,
estão-nos a pisar tipo cães. Não é assim que nós queremos o nosso país!",
exclamou outro apoiante, com alguns relatos a apontarem para 14 pessoas feridas
ao todo nesta manifestação.
Entretanto, vários
populares bloquearam uma das principais avenidas de acesso a diversos bairros
dos subúrbios de Maputo, protestando contra disparos da polícia à caravana de Venâncio
Mondlane.ANG/RFI
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