Nova Iorque/Amnistia e ONU criticam sanções dos EUA à relatora para a Palestina
Bissau, 10 Jul 25 (ANG) - Organizações de defesa de direitos humanos, como a Amnistia Internacional e o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, criticaram hoje as sanções impostas pelos Estados Unidos à relatora especial da ONU para a Palestina, Francesa Albaneses.
Para a organização
não-governamental Amnistia Internacional, as sanções anunciadas
na quarta-feira pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, são
"vergonhosas e vingativas".
"As medidas são uma continuação do ataque da administração
[de Donald] Trump ao direito internacional, bem como dos esforços para
proteger, a todo o custo, o Governo israelita de qualquer
responsabilidade", afirmou a secretária-geral da Amnistia Internacional,
Agnès Callamard.
Rubio impôs sanções a Albanese, acusando-a de
"antissemitismo flagrante" e de ter travado "uma campanha"
contra Israel.
"A campanha política e económica de Albanese contra os
Estados Unidos e Israel não será mais tolerada. Apoiaremos sempre os nossos
parceiros no direito à autodefesa", disse Marco Rubio, através das redes
sociais.
A Amnistia Internacional sublinhou que os relatores especiais
não são nomeados "para agradar" aos governos, mas sim para defender
os direitos humanos e o direito internacional, sobretudo numa altura em que
"está em causa a própria sobrevivência dos palestinianos na Faixa de Gaza
ocupada".
Também o presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Jürg
Lauber, lamentou a decisão dos Estados Unidos e pediu aos membros das Nações
Unidas para que "cooperem plenamente com os relatores especiais e os
titulares de mandatos do Conselho e se abstenham de quaisquer atos de
intimidação ou represálias contra eles".
Depois de ter acusado Israel "de genocídio" na guerra
em Gaza, Albanese, que foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos, mas não
fala em nome da ONU, tem afirmado repetidamente ter recebido ameaças.
Os relatores "são um instrumento essencial para que o
Conselho possa cumprir o mandato de promover e proteger todos os direitos
humanos em todo o mundo", afirmou Lauber.
A italiana Francesca Albanese é a relatora especial da ONU para
os Direitos Humanos nos Territórios Palestinianos ocupados desde 1967 e acusou
duramente Israel de cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza.
As sanções impostas pelos Estados Unidos são uma resposta a uma
ordem executiva assinada em fevereiro por Trump para congelar bens e revogar
vistos norte-americanos a qualquer pessoa que colabore com a investigação do
Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre Israel.
As sanções vão provavelmente impedir Albanese de viajar para os
EUA e bloquear quaisquer bens que tenha no país, de acordo com a emissora
britânica BBC.
O secretário de Estado norte-americano considerou que "a
colaboração direta" entre Albanese e o TPI levou à emissão de mandados de
captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o antigo
ministro da Defesa Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade na
Faixa de Gaza.
Por sua vez, a secretária-geral da Amnistia Internacional
defendeu que estas medidas fazem parte de uma série de políticas adotadas pelo
Governo norte-americano para "intimidar e silenciar aqueles que ousam
manifestar-se em defesa dos direitos humanos do povo palestiniano".
A Amnistia Internacional instou ainda os Estados a
"rejeitarem firmemente" estas sanções e a exercerem a máxima pressão
diplomática sobre o Governo norte-americano para as revogar.ANG/Lusa

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