Polónia/Eurodeputado polaco alvo de processo na Polónia por negar o Holocausto
Bissau, 11 Jul 25 (ANG) - O Ministério Público da Polónia abriu uma investigação preliminar depois de um deputado de extrema-direita ter descrito as câmaras de gás do campo de extermínio nazi de Auschwitz como um farsa.
Grzegorz Braun, 58 anos, deputado do Parlamento Europeu, foi anteriormente acusado de antissemitismo.
Em 2023, o eurodeputado polaco apagou as velas de uma celebração religiosa judaica (Hanukkah) no Parlamento Europeu com um extintor contra incêndios.
Braun, membro do partido Confederação da Coroa Polaca, foi
candidato presidencial na Polónia obtendo mais de 6% dos votos
na primeira volta das eleições que se realizaram no início do ano.
Na quinta-feira, o eurodeputado voltou a evocar mentiras sobre a
cultura judaica e a negar o Holocausto.
"O assassínio ritual foi um facto e Auschwitz e as
câmaras de gás foram, infelizmente, uma farsa", declarou Braun na
quinta-feira à rádio polaca Wnet.
Após as declarações do deputado, o jornalista que conduzia
a emissão terminou de imediato a entrevista.
Alguns cristãos da Europa medieval acreditavam que os judeus
assassinavam cristãos para usar o sangue para fins rituais.
Segundo os historiadores, as acusações dos cristãos durante a
Idade Média não têm qualquer base na lei religiosa judaica ou em factos
históricos e refletem, pelo contrário, a hostilidade contra os judeus na
Europa.
Hoje, o porta-voz do Ministério Público polaco, Piotr
Antoni Skiba, disse que os procuradores estavam a conduzir uma investigação
preliminar sobre a potencial negação de Braun sobre os crimes nazis
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O diretor do museu de Auschwitz, Piotr Cywinski, disse que iria
apresentar uma queixa separada ao Ministério Público.
Na Polónia, negar a existência das câmaras de gás nazis não
é apenas uma manifestação de antissemitismo, tratando-se de um crime punível
pela lei.
As forças nazis alemãs assassinaram cerca de 1,1 milhões de
pessoas no complexo de extermínio de Auschwitz, no sul da Polónia, que esteve
sob ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial.
O primeiro-ministro Donald Tusk descreveu as palavras de Braun
como vergonha.
"Temos de fazer tudo para que ninguém no mundo associe a
Polónia a estas pessoas, a estas caras e a estas ações", disse hoje o
chefe do Governo polaco.
Na quinta-feira, na cidade de Jedwabne, no nordeste da Polónia,
foi prestada uma homenagem oficial em memória das vítimas de um massacre
ocorrido em 1941, em que judeus foram queimados vivos por vizinhos polacos
durante a ocupação nazi.
Grzegorz Braun integrou o grupo que tentou bloquear a saída de
carros que transportavam as pessoas que participaram numa cerimónia, incluindo
o rabino da Polónia.
A polícia interveio e as pessoas puderam sair.ANG/Lusa

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