EUA/ Governo corta financiamento a desenvolvimento de vacinas para Covid e gripe
Ao todo, os contratos de 22 projetos que usam a mRNA e que são
apoiados pela Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado, a
agência de biodefesa norte-americano vão ser cancelados ou alterados. Na
lista, estão incluídos projetos focados na criação de uma vacina contra a gripe
aviária H5N1 e no desenvolvimento de terapias contra vírus respiratórios.
Recorde-se de que as vacinas de mRNA foram amplamente elogiadas
pela comunidade científica internacional pelo seu papel no abrandamento da
pandemia do coronavírus em 2020-2021.
O governo norte-americano diz que as alterações previstas
poupam quase 500 milhões de dólares (cerca de 428 milhões de euros) aos Estados
Unidos. Contudo, o governo deixa a ressalva de que projetos já em
estados avançados vão continuar, de forma a preservar "o dinheiro dos
contribuintes". Bem como os projetos financiados pelo Departamento de
Saúde e Serviços Humanos que não vão sofrer quaisquer alterações.
O secretário da Saúde dos EUA afirmou em comunicado, citado pelo
The Washington Post, que o seu departamento "reviu a
ciência, ouviu os especialistas" e decidiu agir. O
governante acrescentou ainda que o financiamento vai ser
redirecionado para "plataformas de vacinas mais seguras e abrangentes, que
permanecem eficazes mesmo com a mutação do vírus".
A tecnologia mRNA foi celebrada com um grande avanço científico,
dado que permitiu o desenvolvimento bastante rápido das vacinas contra a
pandemia de 2019, mas, ultimamente, tem sido alvo de críticas por parte da ala
conservadora norte-americana e também pela comunidade antivacinas no país.
Durante a pandemia, e devido a esta tecnologia, os Estados
Unidos tiveram a vacina contra o coronavírus em mãos menos de um ano depois de
ser registado o primeiro caso. Na altura, Trump (no
seu primeiro mandato) considerou que as vacinas mRNA eram um "milagre
dos tempos modernos".
Já Robert F. Kennedy Jr., conhecido por ser antivacinas, chegou
a dizer que esta mesma vacina era a "mais mortal" alguma vez feita, e
que continha "veneno".
Nos últimos anos, Robert Kennedy Jr. tem sido um defensor de
várias teorias contra as vacinas da Covid-19, assim como sobre os supostos
vínculos entre a vacinação e o autismo, especialmente através da organização
Children's Health Defense, de que é cofundador.
Desde que assumiu a liderança do Departamento da Saúde, em
fevereiro, iniciou uma profunda reformulação das autoridades de saúde.
As alterações efetivas que vão ser feitas aos projetos com a
tecnologia mRNA ainda não são conhecidos na totalidade. O Washington Post,
afirmou que um porta-voz da Moderna (que já perdeu financiamento num projeto
para uma vacina para a gripe aviária) disse não ter conhecimento de
cancelamentos de novos contratos.
Na Universidade de Emory, em Atlanta, Geórgia, foi encerrado um
projeto para um tratamento por inalação para a gripe e para a COVID. Na
AstraZeneca vai ser reestruturado um programa para a vacina contra a influenza,
que estava ainda nas primeiras fases de desenvolvimento.
Um outro projeto, na empresa Tiba Biotech, perdeu também o
financiamento apesar de não ser baseado em tecnologia mRNA, mas sim numa
vertente diferente, que nem sequer envolve vacinas, mas sim um tratamento
terapêutico.
A empresa recebeu ordens para parar na terça-feira depois de o
departamento de Saúde dos Estados Unidos ter garantido que "outros usos da
tecnologia mRNA", como tratamentos oncológicos, não iam ser afetados pelos
novos cortes.
Enquanto as vacinas tradicionais contém versões mais fracas do
vírus em questão para que o sistema imunitário o consiga combater, a tecnologia
mRNA fornece instruções às células do corpo sobre como produzir as proteínas do
agente infeccioso. É, segundo os especialistas de saúde pública, mais rápida de
produzir - o que é fundamental numa situações de pandemia ou semelhantes.ANG/Lusa

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