França/Greve nacional contra medidas de austeridade
Bissau, 18 set 25(ANG) - A França vive esta quinta-feira um dia de greve
nacional contra as medidas de austeridade. Os protestos foram convocados por
oito centrais sindicais e afecta transportes, escolas, hospitais e farmácias,
com fortes perturbações em todo o país.
São esperados entre 600.000 e 900.000 manifestantes, num movimento comparado às lutas contra a reforma das pensões em 2023. Os sindicatos exigem justiça social e fiscal, enquanto o governo de Sébastien Lecornu enfrenta o primeiro grande teste.
O convite foi feito pelas oito principais
organizações sindicais – CFDT, CGT, FO, CFE-CGC, CFTC, Unsa, FSU e Solidaires –
estão marcadas 250 concentrações em todo o país para contestar as medidas de
austeridade apresentadas este verão pelo executivo francês.
Pela primeira vez em dois anos, os
sindicatos protestam lado a lado, reclamam maior justiça social e fiscal;
contestam os cortes orçamentais, o congelamento das prestações sociais e a
desindexação das pensões, bem como a perspectiva de uma nova reforma do
subsídio de desemprego. "O mundo do trabalho não pode ser o único
a fazer esforços", insistiu Marylise Léon, secretária-geral da
Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT).
O secretário-geral da Força
Operária (FO), Frédéric Souillot, denuncia "uma factura cobrada
aos trabalhadores" em nome da redução da dívida pública. Os
sindicatos exigem, nomeadamente, uma fiscalidade mais severa para os grandes
patrimónios e empresas.
A mobilização traduz-se em fortes
perturbações nos transportes. Na Sociedade Nacional dos Caminhos-de-Ferro
(SNCF), circula um comboio em cada dois, contra um em cada três para os
Comboios Regionais Expressos (TER). Os Comboios de Alta Velocidade (TGV) estão
menos afectados, com nove em cada dez a manterem-se. Na região de Île-de-France,
a RATP, a Administração Autónoma dos Transportes Parisienses, limita a
circulação do metro apenas às horas de ponta, enquanto várias estações
estratégicas estão encerradas.
Na educação, cerca de um terço dos
professores do ensino primário está em greve, com mais de 90 escolas encerradas
em Paris. Os profissionais hospitalares e os farmacêuticos participam também no
movimento.
Em Paris, entre 50.000 e 100.000
manifestantes são esperados entre a praça da Bastilha e Nação. As autoridades
receiam a infiltração de grupos radicais. Cerca de 80.000 agentes de segurança
estão mobilizados em todo o país, dos quais 6.000 na capital, apoiados por
canhões de água, blindados e uma frota de drones. Várias dezenas de detenções
já tinham sido efectuadas a meio da manhã, nomeadamente em Marselha.
Este dia de mobilização representa um primeiro teste social para o primeiro-ministro Sébastien Lecornu, nomeado no início de Setembro depois da queda do governo François Bayrou. Apesar de ter desistido da supressão de dois feriados, os sindicatos consideram que o executivo não respondeu às inquietações. "A bola está agora no campo do governo", advertiu a secretária-geral da CFDT, que apela a uma "reorientação do orçamento" mais justa.ANG/RFI

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