Portugal/Relatório alerta para retrocessos na
democracia
Bissau, 10 Nov 25 (ANG) – Um relatório do ISCTE avalia a
qualidade da democracia em 2025 nos países lusófonos, e Portugal, Cabo-Verde,
São Tomé e Príncipe, Brasil e Timor-Leste apresentam regimes democráticos mais
estáveis.
Pelo contrário, Angola, Moçambique e
Guiné-Bissau são autocráticos e com "instituições muito débeis e
frequentemente violadas".
Angola, Guiné-Bissau e Moçambique: 50 Anos
depois das independências, é frágil a democracia nestes três países de língua
portuguesa.
É a conclusão do Relatório da Democracia
2025, um estudo do ISCTE, instituto universitário de Lisboa, que analisa a
qualidade democrática em diversas regiões do globo.
Numa secção dedicada aos países de língua
portuguesa, o relatório assinala que houve avanços e recuos e que nas últimas
décadas, todos os países lusófonos evoluíram no sentido da democracia.
Mesmo assim, há três que se distinguem pela
negativa:
Em Angola, a investigação identifica um
“regime autocrático, monopolizado pelo mesmo partido, o MPLA”, desde a
independência que se celebra na próxima terça-feira. O estudo classifica o país
como uma autocracia eleitoral, devido ao controlo do jogo eleitoral e às
restrições impostas à sociedade angolana desde o fim da guerra civil em 2002.
Guiné-Bissau é também uma autocracia, diz o
relatório, mas ao contrário de Angola ,na Guiné a instabilidade política é
permanente. Os golpes de Estado e os confrontos entre as diversas facções
políticas tornaram-se a forma predominante de chegar ao poder.
No grupo dos três, ainda Moçambique. A
investigação destaca o agravamento das desigualdades económicas e sociais e
alerta que as eleições de 2024 foram menos livres e justas do que há uma
década, o que revela uma tendência de retrocesso democrático.
Pelo contrário, Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe, surgem como exemplos de democracias estáveis nos Países de Língua
Oficial Portuguesa. No entanto, uma referência para São Tomé, onde ainda
persiste uma instabilidade política que “dificulta o aprofundamento
democrático”.
Além de Portugal, no relatório são ainda
mencionados o Brasil, que registou com a vitória de Lula da Silva, uma ligeira
recuperação democrática, e finalmente Timor-Leste, um caso de durabilidade
democrática com práticas eleitorais robustas.
Em síntese, o estudo do ISCTE conclui que no
seu conjunto os países de expressão portuguesa superaram as heranças coloniais
e autoritárias, mas alguns mostram ainda fragilidades institucionais e ameaças
à liberdadade.
Recomenda, por isso, um reforço das
instituições eleitorais, a promoção da transparência e a redução das
desigualdades sociais, como passos essenciais para consolidar a democracia no
espaço lusófono.ANG/RFI

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