segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

       Tanzânia/Médico denuncia retirada de doentes e corpos de hospital

 Bissau, 08 Dez 25 (ANG) - Centenas de feridos e mortos foram retirados de um hospital para um local desconhecido durante os protestos antigovernamentais na Tanzânia, denunciou um médico à agência France-Presse (AFP).

denúncia ocorre mais de um mês depois das eleições de 29 de outubro, consideradas fraudulentas pela oposição e observadores internacionais, que mergulharam o país em violência.

De acordo com o médico, que falou à AFP sob anonimato, mais de 200 feridos em tratamento e "mais de 300 cadáveres" da morgue foram levados em "camiões verdes semelhantes a veículos militares".

O clínico relatou intimidação das forças de segurança, que confiscaram telefones para impedir registos fotográficos ou vídeos.

"A violência que presenciei fez-me considerar a possibilidade de abandonar este emprego", disse.

A oposição e ativistas de direitos humanos acusam o governo tanzaniano de ocultar a dimensão da repressão, que terá causado mais de mil mortos.

Há relatos de valas comuns e desaparecimento de corpos, confirmados por peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) e investigações independentes.

Os peritos da ONU destacaram "relatos arrepiantes de corpos de vítimas a desaparecer de morgues e argumentos de que restos mortais estão a ser cremados ou enterrados em valas comuns não identificadas".

Na sexta-feira, cerca de 15 embaixadas ocidentais apelaram às autoridades tanzanianas para que devolvam os corpos às famílias.

O governo, que cancelou as celebrações do Dia da Independência na terça-feira, insiste que a violência foi "proporcional".

Vídeos verificados pela AFP e pela plataforma de investigação Bellingcat mostram ainda dezenas de corpos com ferimentos de bala em morgues na cidade de Dar es Salaam, apesar de o Ministério da Saúde da Tanzânia negar.

A repressão continua com detenções de opositores e acusações de traição, crime punível com pena de morte.

Novas manifestações estão previstas para terça-feira, apesar do clima de medo.

"Se se submeter, morrerá. Se lutar, poderá morrer, mas pelo menos há esperança", disse um jovem manifestante à AFP, em Nairobi (Quénia) sob anonimato.ANG/RFI

 

 

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