Covid-19/”Guiné-Bissau se prepara para os piores efeitos da
pandemia”,diz
PM
Bissau,12
Jun 20(ANG) - O primeiro-ministro, Nuno Nabiam, disse quinta-feira que o país
está a preparar-se para "os piores efeitos da pandemia" e que precisa
de apoio no setor da saúde, mas também para as consequências económicas.
Em
entrevista à Lusa, Nuno Nabiam afirmou que a pandemia do novo coronavírus vai
ter na Guiné-Bissau um custo económico “pesado e duradouro”, que vai ameaçar o
“progresso” e ampliar as desigualdades.
“Estamo-nos
a preparar para os piores efeitos desta pandemia, mas precisamos de apoio na
preparação para a crise de saúde e para as consequências económicas”,
sublinhou.
Questionado
sobre os laços do seu Governo com os
principais parceiros internacionais, o primeiro-ministro guineense disse estar
“focado em aprimorar as relações” e que atinjam o “ponto ótimo”.
“Herdei
o Governo e deparei-me com a situação dos cofres do Estado depauperados pelo
meu antecessor, portanto face a estas emergências latentes era crucial o apoio
e amparo dos parceiros internacionais”, disse Nuno Nabian.
Nuno
Nabian foi nomeado primeiro-ministro pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco
Embaló, que demitiu o Governo de Aristides Gomes, que saiu das legislativas de
março de 2019.
A
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que tem mediado a crise
política no país, tinha dado até 22 de maio para ser formado um Governo, que
respeitasse os resultados das eleições legislativas.
O
parlamento da Guiné-Bissau, de onde emana o Governo, está dividido em dois
blocos e ambos reclamam ter a maioria para governar.
Contudo,
o Presidente guineense decidiu dar um prazo até 18 de junho para que o impasse
político seja resolvido no parlamento.
Segundo
o primeiro-ministro guineense, no início do seu mandato sentiu um “ligeiro
constrangimento da comunidade internacional”, talvez devido à “desconfiança”.
Esse é
um “facto que estamos gradualmente a superar graças à nossa forma de dirigir
assente numa estratégia muito simples: gestão transparente e prestação de
contas”, afirmou.
Nuno
Nabian afirmou também que gestão da pandemia do novo coronavírus foi gerida no
“início apenas com meios e dinheiros do Estado”.
O que,
disse, terá “despertado na comunidade internacional a confiança que
necessitavam”.
“Hoje,
o quadro que temos tanto a nível bilateral como multilateral é bem diferente de
há dois meses, ou seja, efetivamente temos recebido apoio de alguns parceiros
como o Banco Mundial por exemplo”, salientou.
O
primeiro-ministro guineense disse também que recebeu sem surpresa o relatório
do Programa da ONU para o Desenvolvimento sobre o impacto sócioeconómico da
pandemia no país e que avisa para a possibilidade de um aumento da pobreza e do
colapso do sistema de saúde.
“Era
previsível que o impacto da pandemia seria devastador a nível social e
económico”, afirmou.
Segundo
o chefe do Governo, feito um esforço “incomensurável e apenas com recursos
internos” para combater a pandemia e garantir a segurança alimentar.
“Adquirimos
e estamos a distribuir a toda a nossa população, mais de 25 mil toneladas de
arroz e 10 mil toneladas de açúcar. Esse esforço colossal representa para o
Governo a certeza de que nenhum guineense irá passar fome ou deixará de ter uma
alimentação adequada por força dos danos colaterais da pandemia”, sublinhou.
Nuno
Nabian disse também que estão a ser avaliadas medidas e ações a serem
implementadas para “recuperar as finanças públicas, apoios e incentivos as
empresas como forma de salvaguardar empregos e rendimentos” e recordou que o
Estado já emprestou dinheiro aos bancos para capitalizar os operadores
nacionais da campanha de caju.
A
Guiné-Bissau regista quase 1.400 casos acumulados de covid-19 e 12 vítimas
mortais, sendo o terceiro país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
com mais casos do novo coronavírus, a seguir ao Brasil e a Portugal.
Em
África, há 5.678 mortos confirmados e mais de 209 mil infetados em 54 países,
segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Entre
os países africanos que têm o português como língua oficial, a seguir à
Guiné-Bissau está a Guiné Equatorial (1.306 casos e 12 mortos), que não
atualiza os dados há quase duas semanas, Cabo Verde (616 casos e cinco mortes),
São Tomé e Príncipe (632 casos e 12 mortos), Moçambique (472 casos e dois
mortos) e Angola (113 infetados e quatro mortos).
O
Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no
mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados (mais de 772 mil, atrás
dos Estados Unidos) e o terceiro de mortos (39.680, depois de Estados Unidos e
Reino Unido).
A
pandemia de covid-19 já provocou mais de 416 mil mortos e infetou mais de 7,3
milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela
agência francesa AFP.
A
doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em
Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois
de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o
continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.ANG/Lusa
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