sexta-feira, 23 de junho de 2023

 

CAN 2023/ “É imperativo Candé mudar o “chip” da convocatória para a próxima edição da prova”, diz Júlio Lusa

Bissau,23 Jun 23(ANG) - A seleção de futebol participa no princípio em 2024, e pela quarta vez consecutiva, na Taça das Nações Africanas (CAN’2023), a realizar-se na Costa do Marfim, graças ao apuramento alcançado no sofá no grupo A da fase de qualificação para a competição no último domingo, após a vitória da Nigéria no reduto da Serra Leoa por 3-2.

Os “Djurtus” vão novamente marcar a presença na maior competição de futebol em África, onde nunca conseguiram apurar-se para a segunda fase nas últimas três edições realizadas no Gabão 2017, Egito 2019 e nos Camarões 2021.

Nas três anteriores edições da prova organizada pela Confederação Africana de Futebol (CAF), entidade que gere o futebol no continente africano, a Guiné-Bissau não conseguiu alcançar uma vitória. Na primeira, em 2017, a seleção nacional empatou 1-1 no jogo inaugural da prova e perdeu os restantes dois jogos, somando um ponto na tabela classificativa.

Embora eliminada na fase de grupos, a Guiné-Bissau conseguiu fazer dois golos na prova por intermédio de Juary Soares e Piqueti Djassi.

Em 2019, a seleção nacional de futebol foi novamente eliminada da fase de grupos, após as derrotas contra os Camarões e o  Gana, terminando em quarto e último lugar do grupo e sem golos marcados.

Já em 2021, a Guiné-Bissau foi eliminada na fase do grupo e somou apenas um ponto, graças ao empate 0-0 frente ao Sudão.

Dados oficiais indicam que a Guiné-Bissau tem somente dois golos marcados nas suas três fases finais na CAN e está a 707 minutos sem marcar um golo na competição. 

Embora conseguisse a proeza de apurar-se de forma consecutiva para a competição, até agora não conseguiu alcançar a primeira vitória na prova.

Convidado pela secção desportiva do Jornal O Democrata, para abordar mais uma qualificação da Guiné-Bissau para fase final do CAN, o comentador desportivo, Júlio Lusa, apelou ao selecionador nacional, Baciro Candé, para mudar o “chip” na convocatória dos jogadores que serão selecionados para a próxima competição a realizar-se entre janeiro e fevereiro de 2024, na Costa do Marfim.

“Reconhecemos os feitos alcançados pela equipa técnica para a qualificação da Guiné-Bissau, mas aquilo representa somente 20 por cento. O selecionador nacional, Baciro Candé, tem um problema sobre o estudo da participação da seleção nacional na fase final do CAN” disse, salientando que a Guiné-Bissau deve mudar o “chip” sobre a sua participação na fase final da prova”.

“Fica evidente que a própria estrutura da seleção nacional de futebol tem carência em termos de leques nas convocatórias, uma vez que não tem variedade. Os atletas que são convocados regularmente são evidentes que todos os três setores, nomeadamente setor defensivo, intermediário e ofensivo, têm carência e devemos fazer uma renovação. Temos jogadores que têm um percurso a nível do clube. Temos jogadores que em cada época desportiva não alcançam mais de 90 minutos e o selecionador nacional sabe disso, incluindo a cúpula da Federação de Futebol do país (FFGB)” disse.

Segundo as explicação de Júlio Lusa, entre 25 a 26 jogadores frequentemente selecionados por Baciro Candé, poucos deles são titulares nos respetivos clubes , uma situação que reflete na produção da seleção nacional.

Lusa lembrou que no jogo da quinta jornada do grupo entre São Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau, na semana passada, que terminou com o triunfo da seleção nacional, os pupilos de Baciro Candé realizaram uma partida fraca, sem identidade, sem fio do jogo, sem caudal ofensivo, sem domínio e sem grande posse de bola.

“Candé deve abrir outros mercados onde poderá angariar mais jogadores. Há um desaparecimento inexplicável de Steve Ambri e Panutche Camará das listas dos convocados. Será que existe uma mega-ruptura com jogadores que atuam no campeonato francês como Alexandre Mendy, Joseph Mendes e talvez possamos abrir as portas da seleção aos jogadores que atuam na zona norte da Europa? Tudo isso, não tem explicação”, questionou à Lusa.

“Baciro Candé é selecionador de todos os filhos da Guiné-Bissau que estão disponíveis para jogar pela seleção e depois esta falta de recuperação dos jogadores que na primeira fase declinaram o convite para jogar pelo país,está a ser uma doença crónica para a federação de futebol, embora não seja coadjuvado pelo Governo. Continuamos a ter bons jogadores que atuam nos campeonatos europeus como Roger Fernandes, Leandro Sanca, Beto e Wilson Manafá. Se na primeira fase soubermos que o jogador não tem uma ponte que lhe permita uma ligação com o país, é preciso adotar outro tipo de mecanismo para convencê-lo”, acrescentou.

Lusa, que acompanhou o percurso de Baciro Candé desde que assumiu o cargo em 2016, afirma que é imperativo o selecionador nacional universalizar o critério da convocatória da seleção nacional, tal como fazem os  restantes selecionadores pelo mundo fora.

Embora exija mudança no “chip” na convocatória da seleção nacional, Lusa realçou o trabalho feito pela equipa técnica da seleção nacional liderada por Baciro Candé, que permitiu a Guiné-Bissau estar presente nas últimas três edições do CAN. Graças ao desempenho de Candé, a seleção nacional conseguiu entrar na lista dos países que participaram de forma consecutiva nesta maior competição de futebol em África.

Durante a longa entrevista ao Democrata, Lusa enalteceu o trabalho de Candé, mas lamentou o silêncio do executivo face a conquista que a Guiné-Bissau alcançou para estar novamente no CAN”2023. Segundo o comentador desportivo, a postura adotada pelo governo é muito desmotivante.

A 34ª edição da competição terá lugar, pela primeira vez após 40 anos, na Costa do Marfim. De acordo com o regulamento, qualificam-se para a fase final do CAN”2023, a ser disputada de 23 de junho a 23 julho de 2024, as duas primeiras equipas classificadas de cada grupo.

O CAN”2023 vai contar com a participação de 24 seleções africanas, entre os quais a Guiné-Bissau.

Embora falte uma jornada para o encerramento da fase de qualificação para a prova, a seleção nacional já garantiu o apuramento, assegurando o segundo lugar no grupo A. A seleção nacional vai participar pela quarta vez na competição.

A Guiné-Bissau já venceu São Tomé e Príncipe por uma bola sem resposta na abertura da data-FIFA de apuramento.ANG/O Democrata

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