Religião/”África subsaariana se depara com instabilidade política, pobreza e instrumentalização étnico religiosa”, diz Bispo José Lampra Cá
Bissau, 04 Jun 24
(ANG) – O Bispo da Diocese de Bissau, Don José Lampra
Cá disse que a X Conferência da União Regional dos Padres da África Ocidental (URPAO)
decorre num momento desafiador, na medida em que a África subsaariana está
confrontada, não só com a questão de instabilidade politica e da
pobreza, mas também com o fenômeno de intolerância e da instrumentalização
étnico-religiosa.
O Bispo de Bissau que presidia a abertura dos trabalhos disse estar triste porque essas situações podem contribuir para nascimento de sentimentos de inutilidade sobre aquilo que fazem, devido a gravidade da situação e os seus contornos.
Lampra Cá defendeu
a diversificação de iniciativas e criatividades para evitar
surpresas decorrentes de situações que
não jogam a favor do bem estar dos cidadãos e da dignidade da pessoa humana.
Por isso, disse que a Conferência é uma ocasião para se
refletir sobre aspetos relacionados com o
papel profético dos padres, com olhar atento a intolerância e instrumentalização
étnica religiosa na África Subsaariana.
Disse que o URPAO
deve trabalhar para converter corações a
uma maior abertura aos demais, para que cada um, em pleno respeito da sua própria liberdade, assumir as próprias
responsabilidades pessoais, ao serviço dos irmãos, contribuindo na criação de
condições de convivência pacífica entre deferentes grupos étnicos e religiosos.
O Representante do Chefe de Estado nesta X Conferência da URPAO, Ilídio Vieira Té
reconheceu que o país tem vivido nos últimos tempos uma instrumentalização étnico religiosa, sobretudo,
feita por “eles” os políticos.
Vieira Té pediu aos padres para reencaminharem as conclusões que vão sair da
Conferência para garantir que os guineenses continuassem a viver na harmonia
como outrora.
Ilídio Vieira Té pediu
ao Lampra Cá para servir de ponte entre os políticos, mostrando-lhes que não precisam de ser radicais para chegar
ao poder, para permitir que o país possa
viver na paz e tranquilidade.
Para o Coordenador de
Clero Diocesano da Guiné-Bissau e Vice-Presidente da URPAO, Padre Augusto Mutna
Tamba, na Guiné-Bissau, a diversidade
cultural e religiosa nunca constitui uma ameaça para a coesão e a convivência
pacífica, o que faz dos guineenses um povo pacífico, seguro e tolerante, apesar
da instabilidade político-militar e governamental.
“Infelizmente, já começaram a surgir sinais
preocupantes neste sentido”, referiu..
O padre Mutna disse
esperar que no final da Conferência possam
enfrentar o desafio de credibilidade, honestidade, do desenvolvimento, da justiça,
da liberdade, da paz e da união nacional e sub-regional, e um repudio à todos
os atos de intolerância étnico-religiosa.
salientou que a
África subsaariana tem tradições conservadas, com presença significativa de
islamismo, catolicismo e protestantismo e guiado pela Religião Tradicional
Africana, e que muitos africanos ainda guardam influências das religiões
ancestrais.
O pároco disse que a
Região da África Subsaariana é conhecida por conflitos Étnico-Religiosos, originados
de preconceito e da intolerância, sobretudo por parte dos cristãos e
muçulmanos.
Augusto Mutna Tamba
afirmou que se a África vai mal até este ponto é porque certos dos seus chefes
religiosos, políticos e militares desviaram das suas missões, que em vez de
unir, passam o tempo a dividir para poderem reinar.
“Cada um passou a
cuidar mais do seu clã, da sua religião, do seu interesse. O africano é chamado
a união e ao amor ao próximo”, afirmou.
Adiantou que, a
Igreja Católica da África Subsaariana preocupada com o evoluir destas e outras
situações pretende nesta Conferência buscar em comum acordo, como encontrar o modo
de lutar contra a violência e extremismo Étnico-Religioso e promover a justiça,
paz, união e desenvolvimento.
Qualificou de relevante
a Conferência, porque a África Ocidental está confrontada com ondas de
conflitos de vários tipos, incluindo os de natureza étnica e religiosa. “Nesta situação, nós, sacerdotes, temos um papel
vital na liderança da resolução de conflitos e da reconciliação”, disse.
“Apelo à todos, homens e mulheres, politico, civil, militares e religioso para juntos, buscarmos o que nos une, pois o ódio, a divisão e a vingança não abonam em nada”, referiu acrescentando, “basta de ódio, da vingança, injustiça, do analfabetismo, da fome, do rancor, da divisão étnica e religiosa”.
De acordo com o
programa entregue à imprensa, a X Conferência da URPAO decorre, em Bissau, de
04 à 9 do mês em curso, sob o lema: “Papel Profético dos Padres face à
Intolerância e à Instrumentalização Étnico Religiosa na África Subsariana”.
Na conferência os
padres de 15 países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental,
incluindo a Mauritânia vão debater, entre outros temas, “o papel profético dos padres na
promoção da justiça, da verdade e da
paz, a Sociedade contemporânea face a intolerância étnico religiosa”, “como prevenir o extremismo étnico religioso
e os desafios dos Estados da África subsaariana”, “o extremismo violento, a
importância do diálogo entre as religiões no mundo contemporâneo e “papel da
Rádio na prevenção de conflitos”. ANG/LPG/ÂC//SG
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