França/Vários países condenam taxas alfandegárias adicionais impostas pelos EUA
Bissau, o3 Abr 25 (ANG) - Vários países
condenaram hoje as taxas alfandegárias adicionais impostas pelo Presidente
norte-americano, Donald Trump, na quarta-feira, como um duro golpe na economia
mundial.
Sem
anunciarem de imediato quaisquer represálias concretas, alguns destes países
estão tentar dar prioridade a negociações.
Um porta-voz do Ministério do Comércio da
China condenou o "unilateralismo, o protecionismo e a intimidação das
medidas dos Estados Unidos", mas sublinhou que Pequim quer "manter a
comunicação" com Washington.
As novas tarifas são um duro golpe para a
economia global, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, acrescentando que "não é tarde demais" para negociar, mas que
os europeus estão a trabalhar num "novo pacote de contramedidas".
O Presidente de França, Emmanuel Macron, vai
reunir-se na tarde de hoje com os responsáveis dos principais setores afetados
(aeronáutica, bens de luxo, agricultura e vinho).
Já o chanceler alemão, Olaf Scholz,
classificou as decisões de Trump de "fundamentalmente erradas", mas
disse estar "disponível para discutir e evitar uma guerra comercial com o
Governo dos Estados Unidos".
A primeira-ministra Giorgia Meloni, que
lamentou uma "má medida" na noite de quarta-feira, "cancelou os
compromissos previstos para hoje para se concentrar nas medidas a tomar",
divulgou o seu gabinete.
O aumento das taxas alfandegárias terá
"um impacto económico, tanto a nível nacional como global", afirmou
hoje o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, sublinhando que o seu país
foi relativamente poupado por Trump (com tarifas a 10%) e está a negociar um
acordo com os Estados Unidos".
O chefe de Governo do Vietname, cujo país
enfrenta tarifas enormes de 46%, apelou hoje à criação imediata de uma
"equipa de resposta rápida". Já os executivos da indústria do
vestuário do Bangladesh disseram que Donald Trump desferiu um "golpe
duro" ao segundo maior fabricante de vestuário do mundo, impondo tarifas
de 37% ao país.
"O respeito pelo direito internacional e
pelo comércio livre são fundamentais", afirmou a Presidente suíça, Karin
Keller-Sutter, cujo país está sujeito a tarifas de 31%, acrescentando que Berna
"definiria rapidamente o que se segue".
A Tailândia tem um "plano sólido"
para responder às tarifas de 36% que enfrenta e espera negociar uma redução,
disse hoje o primeiro-ministro do país, Paetongtarn Shinawatra.
"A guerra tarifária global tornou-se uma
realidade", lamentou o Presidente interino sul-coreano, Han Duck-soo, que
prometeu "utilizar todos os recursos do Governo para ultrapassar a crise
comercial".
As novas tarifas de 30% impostas às
importações sul-africanas são preocupantes e realçam a necessidade urgente de
um novo acordo comercial bilateral, afirmou o Presidente sul-africano, Cyril
Ramaphosa.
"O comércio globalizado beneficiou toda
a gente. Não compreendo porque é que os Estados Unidos querem iniciar uma
guerra comercial contra a Europa. Ninguém ganha, todos perdem", afirmou o
Ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen. Já o
primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, declarou "lamentar profundamente"
que os Estados Unidos tenham "tomado uma direção destinada a restringir o
comércio".
"Este é o revés mais sério para o
comércio mundial aberto e livre desde o período entre guerras", disse o
ministro da Economia norueguês, Jens Stoltenberg.
"Não há vencedores numa guerra
comercial", afirmou o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo.
"Estas tarifas não são inesperadas, mas
sejamos claros: são completamente injustificadas", disse o
primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, lamentando um "gesto que
não é de um amigo" e temendo uma deterioração das relações entre os dois
países.
O Congresso brasileiro adotou por unanimidade
uma "lei de reciprocidade", dando ao Governo do Brasil os meios para
responder às barreiras comerciais às suas exportações.
O Governo dos Estados Unidos acredita que
"pode aumentar a produção, a riqueza e o emprego. Na minha opinião, isto
pode ser um grande erro", disse o Presidente colombiano, Gustavo Petro.
De acordo com a referida tabela, a China
aplica tarifas de 67% sobre produtos norte-americanos e os seus produtos passam
a pagar 34 por cento para entrar nos Estados Unidos; os países da União
Europeia (UE) passam a pagar 20 por cento de tarifas, metade de 39% de
barreiras comerciais e não comerciais estimadas.
Para aceder ao mercado norte-americano, os
produtos do Japão passam a pagar 24%, os da Índia 26%, de Taiwan 32% e do
Vietname 46%.
Ao Reino Unido e Brasil passam a ser
aplicados 10%, correspondentes ao aplicado aos produtos norte-americanos, disse
ainda Trump. ANG/RFI
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