segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Cabo Verde/Conferência Regional sobre Integridade de Informação em África Ocidental e no Sahel adota Quadro Político e Plano de Ação para 2026/2036

Cabo Verde, 08 Set 25 (ANG) -  A conferência regional sobre a Integridade de Informação em África Ocidental e no Sahel adotou no fim dos  trabalhos, decorridos na cidade da Praia, em Cabo Verde, entre 3 e 5 deste mês, um Documento de Políticas e  Plano de Ação para o período 2026/2036.

“Nós membros dos Governos dos Estados de África Ocidental e do Sahel adotamos o presente modelo de Quadro Político para a Integridade da Informação em África Ocidental e no Sahel”, refere o documento.

Os subscritores do documento concernente a 15 países da África Ocidental  declaram que os países concernentes e  seus parceiros de engajam para fazer avançar os objetivos, promover princípios e  realizar medidas apropriadas para implementar   ações  previstas no Documento de Políticas,  visando a preservação da integridade da informação em Africa Ocidental e no Sahel.

O conjunto regional desses países ainda declara que se engaja, conforme os processos constitucionais de cada país e as disposições do presente documento, a adotar políticas, leis ou outras medidas necessárias para que os princípios e orientações do Documento de Políticas adotado tenham efeitos.

O Documento de Política define os conceitos de  Acesso à informação, Algoritmo, Crise, Autoridade de proteção de dados, Inclusão Numérica, Plataforma numérica, Educação à Medias e à Informação, Desinformação, entre outros termos.

“O acesso à informação designa o direito legal dos cidadãos de perguntar, receber e difundir informações obtidas das autoridades públicas, sob reserva  de exceção, claramente definida, a fim de promover a transparência, viabilidade e participação pública  na governação”, refere o documento.

O Quadro Político adotado traça como objetivo, a promoção e garantia de Integridade de Informação em África Ocidental e no Sahel, em reconhecimento de que o acesso à uma informação exata, coerente, fiável, digna de confiança, segura e transparente é fundamental para processos participativos e autónomos, a coesão social e o desenvolvimento durável.

“Este objetivo implica uma governação multipartidária e de responsabilidades partilhadas, inclusive no período eleitoral e em período de crise, a fim  de reforçar as instituições e a capacidade das populações de aceder à informação e a avaliá-la de forma crítica”, lê-se no documento final.

O Quadro Político destaca  que foi  tido em conta  a diversidade dos contextos em África Ocidental e no Sahel, por isso se propõe orientações adaptáveis, podendo serem aplicadas segundo as necessidades, capacidades e estruturas de governação próprias de cada país, alinhadas às normas regionais e internacionais relativas aos direitos humanos e boas práticas.

O documento define as responsabilidades em matéria de criação de condições favoráveis a uma informação fiável.

Refere que os estados membros devem garantir a liberdade de expressão, a neutralidade da internet, a liberdade de imprensa, assim como o direito à informação, conforme as normas e estandar internacionais.

O reconhecimento e apoio ao papel das organizações da sociedade civil, assim como à criadores de conteúdos, de medias, verificadores de factos, instituições de pesquisas, e o mundo universitário, foram recomendados aos Estados concernentes.

A conferência adotou um   Plano de Ação 2026/2036 , para apoiar a implementação do Quadro Político para a Integridade da Informação na África Ocidental e no Sahel, e  o documento fornece um roteiro para alcançar o objetivo do Quadro Político,

A conferência sobre a Integridade da Informação em África Ocidental e no Sahel, resultou de várias consultas on line e presenciais com a as partes interessadas, realizadas em toda a região em Maio, Junho e Julho de 2025.

A iniciativa da CEDEAO apoiada pela UNESCO foi justificada com a proliferação das tecnologias digitais na África Ocidental e no Sahel que ampliou o acesso à informação, mas também introduziu riscos em evolução, com a disseminação descontrolada de conteúdos falsos e prejudiciais, incluindo informação errada, desinformação e discurso de ódio .

Os desafios da  instabilidade política; o acesso desigual aos ecossistemas de informação e às novas tecnologias; a infraestrutura fraca; e a baixa literacia digital, mediática e informacional  foram  agravados pelo uso indevido da Inteligência Artificial (IA) nos espaços digitais e pela ausência de quadros de proteção fortes, o que, segundo os conferencistas, minam a confiança nas instituições públicas e aprofunda as divisões sociais.

Mulheres, jovens, populações rurais, grupos étnicos marginalizados, refugiados, pessoas deslocadas internamente  e pessoas com deficiência  são tidos como os que enfrentam o maior risco de danos devido a dinâmicas estruturais que exacerbam a vulnerabilidade.

 Para a CEDEAO e UNESCO, apesar dos esforços críticos e persistentes dos governos, da sociedade civil e de outros atores nacionais e internacionais para promover a integridade da informação, as respostas ainda são em grande parte fragmentadas e reativas.

As duas organizações e a ONU sublinham que sem estratégias coordenadas, bem financiadas e baseadas nos direitos humanos, esses desafios continuarão a minar os esforços para promover sociedades saudáveis, produtivas e informadas e a ultrapassar a capacidade de resposta da região.

“A região tem agora a oportunidade, a responsabilidade e a necessidade de ir além de intervenções reativas e isoladas e avançar para uma abordagem abrangente, coordenada e baseada nos direitos para a integridade da informação”, lê-se no Plano de Ação da cidade de Praia .ANG

(Despacho de Salvador Gomes, Ponto-focal do MCS para esta conferência)

 

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