Suécia/Nobel da Literatura de 2025 atribuído ao
húngaro László Krasznahorkai
Bissau, 09 Out 25 (ANG) – O escritor húngaro László Krasznahorkai, nascido em 1954 e considerado um
"mestre do apocalipse", recebeu o Prémio Nobel da Literatura 2025,
sucedendo ao compatriota Imre Kertész.
Autor de O Tango de
Satanás e A Melancolia da Resistência, László
Krasznahorkai construiu uma obra densa, marcada por frases longas, onde a
entropia e a ausência de esperança dialogam com uma procura da beleza.
O Prémio Nobel da Literatura de 2025 foi
entregue a László Krasznahorkai, escritor húngaro nascido em 1954, há muito
reconhecido como um "mestre
do apocalipse". Vinte e três anos depois da distinção do
compatriota Imre Kertész (2002), a Academia Sueca volta a colocar a Hungria no
mapa-mundo da literatura, sublinhando a vitalidade das letras da Europa Central
e de Leste, já ilustrada pela atribuição do Nobel à polaca Olga Tokarczuk em
2019.
Figura de culto no espaço anglo-saxónico,
László Krasznahorkai recebeu em 2015 o Man
Booker International Prize. Em França, a obra de Krasznahorkai
chegou mais tarde: O
Tango de Satanás (1985), primeiro romance, só foi traduzido em
2000, pelas edições Gallimard. Desde então, graças à persistência de pequenas
editoras, como a Cambourakis, chegaram aos leitores francófonos títulos
como Seiobo desceu à
Terra (2018), O
Regresso do Barão Wekckheim (2023) ou Pequenos Trabalhos para um Palácio.
Nascido em Gyula, junto à fronteira romena,
László Krasznahorkai deixou a Hungria em 1987 para se instalar em Berlim. A
queda do Muro trouxe-lhe viagens sucessivas e estadas longas na Ásia durante os
anos noventa. Viveu entre a Alemanha e a Itália, afastando-se de uma Hungria
cada vez mais marcada pela política de Viktor Orbán.
Longe de querer ser reduzido a um retrato
da "alma
magiar", o escritor húngaro sempre se afirmou devedor de
uma constelação literária universal. Kafka, Beckett, Gogol, e sobretudo
Melville, a quem Susan Sontag o comparou, compõem o seu panteão de referências.
A obra de László Krasznahorkai é dominada por
uma visão sombria da condição humana. "O
homem é um monstro", escreve, invertendo o célebre verso
de Sófocles. Nas suas páginas, a entropia e a sensação de catástrofe iminente
convivem com a recusa de qualquer esperança redentora. László
Krasznahorkai trabalhou durante 25 anos ao lado do cineasta húngaro Béla Tarr,
co-assinando filmes como O
Tango de Satanás ou As
Harmonias de Werckmeister. A sua escrita chega também para o campo
das artes plásticas: Guerra
e Guerra (1999) inspirou a construção de um iglu pelo escultor
italiano Mario Merz, concebido como sepultura ficcional do protagonista do
romance.ANG/RFI

Sem comentários:
Enviar um comentário