ONU/ Relatório denuncia execuções
sumárias pelos M23 e forças ruandesas no leste da RDC
Bissau, Apesar de o Congo Democrático e o Ruanda terem
assinado na passada quinta-feira um acordo de paz sob a égide dos Estados
Unidos, continuam a surgir denúncias de violências.
Segundo um novo relatório da ONU a ser publicado em breve, as milícias do M23 e o exército ruandês cometeram execuções sumárias, detenções arbitrárias e provocaram deslocamentos massivos de populações no leste da República Democrática do Congo.
Não é a primeira vez que a ONU denuncia abusos de toda a ordem
no leste da RDC. No início de Agosto, a ONU já tinha acusado os combatentes do
grupo M23 de matar 319 civis na província de Kivu do Norte, principalmente em
territórios próximos da fronteira com os Ruanda e perto do Parque Nacional de
Virunga.
Agora, para além de afirmar que as forças armadas do Ruanda
participaram directamente nas operações dos M23 contra outra milícia activa
localmente, as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), grupo armado
formado por antigos responsáveis pelo genocídio ruandês de 1994, os peritos da
ONU referem que os M23 e os militares ruandeses cometeram "execuções sumárias, prisões e detenções
arbitrárias" e
provocaram "deslocamento
em massa de populações".
Durante estas operações, os soldados ruandeses e o M23 "destruíram e incendiaram
sistematicamente habitações civis pertencentes a membros das FDLR", os
peritos onusianos evocando um "ataque deliberado e sistemático" às
FDLR "e civis
associados a eles, principalmente da comunidade hutu."
Ainda segundo os peritos da ONU, "pelo menos 6 mil a 7 mil elementos das
forças armadas ruandesas" continuam destacados nas
províncias congolesas de Kivu do Norte e Kivu do Sul, epicentro das violências,
apesar de a sua presença nunca ter sido oficialmente confirmada.
Por seu lado, o governo congolês "continuou a cooperar com as FDLR", apesar de se ter comprometido a
neutralizá-las, como está plasmado no acordo de Washington, afirma o relatório
da ONU.
Região rica em recursos naturais e limítrofe da fronteira com o Ruanda, o leste congolês tem sido palco de conflitos há mais de 30 anos. As violências intensificaram-se nestes últimos meses com a tomada das principais cidades do Kivu do Norte e do Kivu do Sul, no começo deste ano, com os M23 a não esconderem o projecto de derrubar o poder de Felix Tshisekedi.ANG/RFI

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