Abu Dhabi/Emirados Árabes Unidos investirão milhões em energias limpas em África
Bissau, 06 Set 23 (ANG) - Os Emirados Árabes Unidos comprometeram-se hoje a investir 4,5 mil milhões de dólares em energias limpas em África, durante a primeira cimeira sobre o clima, que visa promover o potencial do continente como potência verde.
O Presidente do Quénia, William Ruto,
anfitrião da Cimeira do Clima de África (CCA), que decorre em Nairobi, afirmou
na abertura do evento esta segunda-feira que o continente tem uma
"oportunidade sem paralelo" de se desenvolver, ao mesmo tempo que
ajuda a combater o aquecimento global, se conseguir atrair o financiamento
necessário.
Hoje, os Emirados Árabes Unidos, que vão
acolher no final do ano no Dubai a próxima conferência das Nações Unidas sobre
o clima (COP28), anunciaram o primeiro compromisso que resulta desta cimeira.
Sultan Al Jaber, que dirige a empresa
petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos, a ADNOC, e a empresa estatal
de energias renováveis Masdar, afirmou que o investimento, equivalente a 4,18
mil milhões de euros, irá "desbloquear a capacidade de África para
alcançar uma prosperidade sustentável".
Um consórcio, que inclui a Masdar, ajudará
a desenvolver 15 gigawatts de energia limpa até 2030, afirmou Sultan Al Jaber,
que também presidirá aos debates na próxima COP28.
A capacidade de produção de energia
renovável do continente era de 56 gigawatts em 2022, de acordo com a Agência
Internacional de Energia Renovável.
A transição para as energias limpas nos
países em desenvolvimento é crucial para manter o objetivo do Acordo de Paris
de limitar o aquecimento global a "menos" de dois graus Célsius desde
a era pré-industrial e, se possível, a 1,5°C.
Para alcançar este objetivo, a Agência
Internacional da Energia (AIE) afirma que o investimento terá de atingir os
dois biliões de dólares (1,85 biliões de euros) por ano durante a próxima década,
um aumento de oito vezes.
O secretário-geral das Nações Unidas,
António Guterres, apelou num discurso proferido hoje em Nairobi à
"correção do rumo do sistema financeiro global", garantindo um
"mecanismo eficaz de alívio da dívida" a taxas acessíveis.
"O sistema financeiro mundial tem de
ser um aliado dos países em desenvolvimento na condução de uma transição
ecológica justa e equitativa que não deixe ninguém para trás", acrescentou
Guterres, antes de destacar o potencial de África para se tornar "um líder
mundial em energias renováveis".
"A África possui 30% das reservas
minerais essenciais para as tecnologias renováveis e de baixo carbono, como a
energia solar, os veículos eléctricos e as baterias", recordou.
Também Al Jaber apelou a uma
"intervenção cirúrgica na arquitetura financeira global, construída para
uma era diferente", instando as instituições internacionais a reduzirem o
peso da dívida, que está a paralisar muitos países.
"África detém a chave para acelerar a
descarbonização da economia global. Não somos apenas um continente rico em
recursos. Somos uma potência de potencial inexplorado, ansiosa por se envolver
e competir de forma justa nos mercados globais", disse igualmente William
Ruto na segunda-feira.
O especial enfoque da cimeira em questões
financeiras está a provocar a oposição de defensores do ambiente. Na
segunda-feira, centenas de pessoas manifestaram-se perto do local da cimeira
para denunciar a "agenda profundamente corrupta" do evento,
acusando-a de centrar-se nos interesses dos países ricos.
As organizações da sociedade civil apelaram
ao Presidente William Ruto para que não inclua na cimeira a discussão de
mecanismos como os mercados de créditos de carbono.
A abertura do segundo dia da cimeira, que
decorre até esta quarta-feira, contou ainda com a presença do presidente da
Comissão da UA, Moussa Faki Mahammat, da presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, do Presidente do Quénia, William Ruto, do Presidente das
Comores e chefe rotativo da UA, Azali Assoumani, e do primeiro-ministro
egípcio, Mostafa Madbouly.
No final da cimeira, em que participam mais
de vinte chefes de Estado e de Governo africanos, bem como líderes de
organizações internacionais, espera-se que seja adoptada a chamada
"Declaração de Nairobi", que procura articular uma posição africana
comum a levar a diferentes fóruns mundiais.
Os líderes africanos querem lançar em
Nairobi a construção de uma perspectiva unificada para levar à cimeira do clima
COP28 no Dubai, mas também à Assembleia Geral da ONU e ao G20 e instituições
financeiras internacionais.
O alcance de uma posição comum deste tipo
afigura-se como um objetivo ambicioso para um continente que alberga 1,4 mil
milhões de pessoas - entre as mais vulneráveis às alterações climáticas em todo
o planeta - em 54 países política e economicamente muito diferentes. ANG/Angop
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