ONU/ Qualificada de farsa ideia de zona de segurança no sul de Gaza
Bissau, 03Out 25 (ANG) - A ONU garantiu hoje que
não existe um refúgio seguro para os palestinianos forçados a abandonar a
cidade de Gaza e descreveu como "lugares de morte" as zonas de
segurança designadas por Israel no sul.
"Aideia de uma zona de segurança no
sul é uma farsa", afirmou o porta-voz da UNICEF, James Elder, numa
intervenção desde Gaza perante jornalistas em Genebra, na Suíça.
No sul da Faixa de Gaza, "as bombas são lançadas com uma previsibilidade assustadora", disse o porta-voz da UNICEF, a sigla em inglês por que é conhecido o Fundo das Nações Unidas para a Infância.
"As escolas que foram designadas como abrigos temporários são
regularmente reduzidas a escombros, e as tendas (...) são alvo frequente de
ataques aéreos", descreveu Elder, citado pela agência de notícias
France-Presse (AFP).
Desde o início da ofensiva aérea sobre a cidade de Gaza, em agosto, antes
da incursão terrestre, o exército israelita tem pedido repetidamente aos
palestinianos que se desloquem para o sul do território.
O exército chegou mesmo a incentivar os palestinianos a instalarem-se numa
"zona humanitária" em Al-Mawasi, junto à costa, onde disse que
disporiam de cuidados médicos, ajuda humanitária e infraestruturas adequadas.
Israel declarou Al-Mawasi como "zona de segurança", mas tem
realizado ataques repetidos no local, alegando visar o Hamas, segundo o
porta-voz da UNICEF.
James Elder insistiu que "emitir uma ordem geral de saída de civis não
significa que aqueles que permanecem [no local evacuado] percam a sua proteção
civil".
As "supostas zonas de segurança são também lugares de morte",
afirmou.
Atualmente, referiu, Al-Mawasi "é um dos lugares mais densamente
povoados do planeta. A zona está sobrelotada de forma inadmissível e foi
privada dos meios mais básicos de sobrevivência".
Elder recordou que a ONU já tinha começado a questionar no final de 2023,
pouco depois do início da guerra, "o conceito de zona de segurança
declarado unilateralmente" por Israel.
"É responsabilidade da potência ocupante, Israel, assegurar que uma
zona de segurança disponha de todos os elementos essenciais à sobrevivência, ou
seja, comida, abrigos e instalações sanitárias", afirmou.
O porta-voz da UNICEF disse que "nenhum destes elementos se encontra
disponível em quantidade suficiente".
Referiu que, inicialmente, a ONU "pelo menos assumia" que os
locais designados por Israel como seguros "não seriam alvo de
bombardeamentos".
Nos últimos 18 meses, as zonas de segurança designadas foram atingidas
"dezenas de vezes" pelo exército israelita.
"Pessoas a viver em tendas sofreram ataques aéreos", acrescentou
Elder.
Israel enfrenta acusações de genocídio e de usar a fome como arma de
guerra, que nega, na ofensiva militar que iniciou há cerca de dois anos na
Faixa de Gaza.
A guerra em curso foi desencadeada por um ataque do grupo extremista Hamas
em Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 251
reféns, segundo as autoridades israelitas.
A retaliação israelita provocou até agora mais de 66.200 mortos e quase
170.000 feridos na Faixa de Gaza, de acordo com dados do Ministério da Saúde do
governo do Hamas, considerados fiáveis pela ONU. ANG/Lusa

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