Alemanha/”Drones sobre Alemanha representam "ameaça a médio e longo prazo"
Bissau, 03 Out 25 (ANG) - O tráfego aéreo foi suspenso
durante nove horas no aeroporto de Munique, na noite passada, devido ao
sobrevoo de drones de origem desconhecida, disse um porta-voz da Polícia
Federal da Alemanha à agência de notícias France-Presse.
Em 26 de setembro, foi avistado um grupo de drones sobre o estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, com a Dinamarca, a Estónia e a Polónia a registarem casos semelhantes.
"Os voos de drones sobre infraestruturas críticas, instalações
militares e transportes militares têm claramente como objetivo recolher
informações e inteligência sobre essas instalações, bem como sobre os padrões
de reação alemães", considera o especialista em segurança Hans-Jakob
Schindler, em declarações à agência Lusa.
"Isto não representa um perigo físico imediato, mas caso haja um
confronto militar, tais informações seriam muito valiosas para um adversário.
Portanto, embora não seja uma ameaça física imediata, é uma ameaça a médio e
longo prazo", aponta o diretor do projeto "Counter Extremism".
Para o responsável pela previsão estratégica e análise de risco na
Universidade de Bona, Joachim Weber, a ameaça de drones na Alemanha é
omnipresente há cerca de dois anos.
"Houve repetidos avistamentos acima de campos de treino das forças
armadas e quartéis, instalações marítimas, bem como acima de agências
governamentais. Mas até aos recentes acontecimentos em Copenhaga, tudo isso não
era realmente discutido em público, por isso, mais uma vez, não foi o alerta
que chegou tarde, mas os políticos que continuaram a dormir", indica o
especialista.
Depois de avistados os drones no norte da Alemanha, o governo, liderado por
Friedrich Merz, declarou que pretendia autorizar as forças armadas (Bundeswehr)
a abater estes dispositivos.
Joachim Weber defende que o sistema de segurança alemão assente nas forças
armadas (Bundeswehr) necessita de uma "reforma estrutural
significativa" e considera que, em caso de um ataque a grande escala,
"não existe atualmente uma defesa adequada".
"Os drones são da competência dos Länder (estados federados), mas é
necessária uma transferência constitucional de competências para a polícia
federal de fronteiras ou para as forças armadas. O equipamento necessário para
tal deve ser adquirido imediatamente e sem mais demoras. Uma maior
procrastinação resultará em infraestruturas críticas altamente
vulneráveis", alerta o especialista.
Hans-Jakob Schindler concorda e explica que os procedimentos relativos à
defesa contra esses voos de drones ainda não estão bem regulamentados na
Alemanha. Há uma discussão para atribuir de forma geral às Bundeswehr a tarefa
de assumir essa função, mas ainda não foi tomada uma decisão final.
"Além do esclarecimento dos mandatos legais - quem está autorizado a
tomar quais medidas e com que nível de força - também existem algumas lacunas
tecnológicas nos sistemas de defesa contra drones que precisam ser preenchidas
(...) A Alemanha ainda não está idealmente preparada para enfrentar os desafios
existentes em relação aos drones no país", conclui.
O aeroporto de Munique esteve encerrado durante nove horas, tendo sido
reaberto esta manhã. 17 voos com partida da cidade alemã terão sido cancelados
na noite de quinta-feira, afetando quase três mil passageiros. Outros 15 voos
foram desviados para os aeroportos alemães de Estugarda, Nuremberga, e
Frankfurt ou para o aeroporto de Viena, capital da Áustria.
No domingo, as Forças Armadas da Dinamarca anunciaram ter avistado drones
sobre instalações militares do país, pelo segundo dia consecutivo, depois de
várias violações do espaço aéreo europeu por aeronaves russas nos últimos dias.
O surgimento de drones levou o aeroporto de Copenhaga a encerrar o tráfego
aéreo durante cerca de quatro horas em 22 de setembro, causando atrasos a
aproximadamente 20 mil passageiros.
As autoridades dinamarquesas suspeitaram de possíveis ligações à Rússia,
mas Moscovo negou estar envolvido.
Estes incidentes acontecem após a incursão de drones russos também na
Polónia e na Roménia, além da aproximação de caças russos ao espaço aéreo da
Estónia. ANG/Lusa

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