Reino Unido/Organização Marítima Internacional anuncia acordo para descarbonizar transporte marítimo
Bissau,09 Jul 23 (ANG) – Um acordo internacional para descarbonizar o setor muito poluidor do transporte marítimo foi divulgado na sexta-feira pela Organização Marítima Internacional (OMI), mas que é menos ambicioso do que esperado e foi muito criticado por organizações não-governamentais (ONG).
As
ONG denunciaram a timidez do compromisso apresentado, com objetivos de redução
de emissões poluentes mais modestas, ausência de medidas vinculativas e o
projeto de uma taxa internacional sobre as emissões de carbono relegado para um
conjunto de medidas eventuais para reduzir as emissões do transporte.
O
acordo evidencia “uma ambição comum melhorada de atingir a neutralidade
carbónica para o transporte marítimo internacional em torno de 2050” e visa uma
redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) “em média de 40% até 2030, por
referência a 2008”, escreveu no seu sítio da organização, que integra a ONU.
O
compromisso estabelece também objetivos “indicativos”, isto é, não
obrigatórios, de redução das emissões poluidoras de pelo menos 70% até 2040,
por referência a 2008.
“É um
dia importante para o clima”, felicitou-se Dieter Janecek, que representou a
Alemanha durante as discussões que decorreram esta semana na sede da OMI.
Já o
secretário de Estado francês com o pelouro do Mar, Hervé Berville, saudou “uma
etapa relevante na corrida para a neutralidade carbónica” antes da adoção de
“medidas obrigatórias”.
Não
obstante, concedeu que “o acordo final conseguido está aquém das ambições com
que se esteve na mesa das negociações”.
Com
efeito, a União Europeia reclamava durante as negociações, que decorreram esta
semana na sede da OMI, em Londres, um objetivo mais ambicioso de emissões zero,
em termos líquidos, a alcançar em 2050, com duas etapas intermédias, de redução
de 29% em 2030 e 83% em 20540.
As
ilhas-Estado do Pacífico, particularmente ameaçadas pelas alterações
climáticas, queriam ir mais longe, apoiadas por EUA, Reino Unido e Canadá, ao
apontarem para uma redução das emissões de 96% até 2040.
Em
2018, a OMI tinha avançado o objetivo de redução de emissões de CO2 de 50% até
2050 por referência a 2008, o que foi considerado muito insuficiente.
Ao
contrário, vários grandes exportadores, como China, Brasil, e Argentina,
travaram aquele objetivo, argumentando que metas muito estritas beneficiariam
os países ricos, em detrimento dos em vias de desenvolvimento.
Em
particular, opunham-se ao projeto de uma taxa carbono, apoiado pelo presidente
francês, Emmanuel Mácron, e por empresas como a transportadora marítima Maersk.
Uma
eventual taxa foi remetida no projeto de acordo para um conjunto de medidas
propostas para reduzir as emissões do transporte marítimo.
O
vice-secretário-geral da Câmara Internacional da Marinha Mercante, Simon
Bennett, saudou um acordo “histórico”, que “dá um sinal muito forte aos
utilizadores de navios e sobretudo aos produtos de energia”, que devem agora
fornecer “combustíveis marinhos sem emissões de gases com efeito de estufa em
grandes quantidades para possibilitar uma transição tão rápida quanto
possível”.
A
grande maioria dos cem mil navios do setor, que transportam 90% das mercadorias
do mundo, usam fuelóleo pesado. O setor é responsável por cerca de três por
cento das emissões de CO2 mundiais, segundo a ONU.
As
ONG ecologistas mostraram-se muito críticas e contrapuseram a meta de redução
de 50% até 2030 e a neutralidade carbónica até 2040.
Harjeet
Singh, da Rede Internacional para a Ação Climática [Climate Action Network
International], considerou que o acordo “não está à altura das expectativas”,
jukgamento também assumido pela Coligação Marinha Limpa [Clean Shipping
Coalition], a Greenpeace classificou-o como “muito fraco” e a Camoanha Oceanos
[Ocean Campaigns] resumiu: “Os representantes da sociedade civil estão
profundamente inquietos”. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário