Nova Iorque/ONU diz que o mundo está a "falhar" nas políticas de igualdade de género
Bissau, 08 Set 23 (ANG) - As Nações Unidas consideram hoje que o mundo está a "falhar às mulheres e às raparigas" em matérias como a luta contra a pobreza ao acesso à educação, a representação política ou oportunidades económicas.
Num relatório sobre a
desigualdade de género publicado hoje, em que são analisados os 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030 adoptados pelos Estados em 2015, a
ONU mostra-se preocupada com os problemas persistentes.
"Quando olhamos
para os dados, vemos que o mundo não está a conseguir avançar e alcançar a
igualdade de género. Está a tornar-se um objetivo cada vez mais distante",
declarou à agência de notícias francesa AFP Sarah Hendriks, diretora-executiva
adjunta da agência ONU Mulher.
Um dos ODM,
especificamente dedicado à igualdade de género, visa acabar com a
discriminação, eliminar a violência contra as mulheres, os casamentos forçados
e a mutilação genital, repartir o trabalho doméstico, garantir o acesso à saúde
sexual e assegurar a participação efetiva na vida política e económica.
Mas "a meio caminho
de 2030 (data para cumprir o ODS), o mundo está a falhar com as mulheres e as
raparigas" e a maior parte das metas para este objetivo específico não
está no bom caminho, refere o relatório.
Todos os anos, 245
milhões de mulheres com mais de 15 anos são vítimas de violência física por
parte do seu parceiro, uma em cada cinco mulheres casa-se antes dos 18 anos, as
mulheres fazem mais 2,8 horas de trabalho doméstico não remunerado do que os
homens todos os dias e representam apenas 26,7% dos membros dos parlamentos
democráticos.
Para alterar esta situação,
a agência estima que seriam necessários investimentos adicionais de 335 mil
milhões de euros por ano em cerca de cinquenta países em desenvolvimento, que
representam 70% da população mundial.
Sarah Hendriks sublinhou
que este montante "seria suficiente para encorajar todos" os
indicadores dos ODS.
"Sabemos o que é
necessário ser feito e o mundo tem de pagar por isso. Se fizermos da igualdade
de género um objetivo de desenvolvimento específico, a trajetória pode
mudar", insistiu, pedindo que "as mulheres e as raparigas sejam
colocadas no centro" das políticas públicas.
Em Julho, a ONU declarou
que os ODM estavam "em perigo", apelando a um "plano de
salvamento" apenas algumas semanas antes de uma cimeira dedicada a esta
questão, a 18 e 19 de Setembro.
Segundo a ONU, ao ritmo
atual, 575 milhões de pessoas continuarão a viver na pobreza extrema em 2030,
muito longe da erradicação desejada.
Destes, 342 milhões
(60%) serão do sexo feminino, ou seja, cerca de uma em cada doze mulheres no
mundo. ANG/Angop
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