Quénia/Declaração de Nairobi apela à redução das emissões de gases de efeito estufa
Bissau, 07 Set 23 (ANG) - A Declaração de
Nairobi apela para urgência da redução das emissões de gases de efeito estufa e
a honra do compromisso das promessas dos cem mil milhões de dólares anuais de
financiamento climático, passados 14 anos da Conferência de Copenhaga.
A declaração foi
adoptada na quarta-feira, na cidade de Nairobi, Quénia, pelos Chefes de Estado
e de Governo ou seus representantes que participam da Cimeira Africana sobre o
Clima, que tem como meta identificar soluções duráveis que respondam aos
desafios globais relacionados com o clima no continente.
A adopção do documento,
também assinado por parte de Angola, pela Vice-Presidente da República,
Esperança da Costa, foi anunciada pelo presidente da Comissão da União
Africana, Moussa Faki, no final da reunião de alto nível da Cimeira Africana do
Clima, na presença de outros líderes globais, organizações intergovernamentais,
comunidades económicas regionais, Agências das Nações Unidas, sector
privado, sociedade civil, povos indígenas, comunidades locais, de
agricultores, crianças, jovens, mulheres e academia.
O documento com mais de
54 pontos, descreve um apelo global para a necessidade de se acelerar as metas
estabelecidas no Acordo de Paris.
“O mundo não está
no caminho certo para se manter ao alcance do limite de 1,5°C acordado em Paris
e, por isso, as emissões globais devem ser reduzidas em 43% nesta década”,
advertem, confirmando que África está a aquecer mais rapidamente do que o resto
do mundo.
Numa só voz, os
estados-membros defendem que se mantenha os compromissos com um processo justo
e acelerado de redução progressiva do carvão e abolição de todos os subsídios
aos combustíveis fósseis.
Apelam, igualmente,
investimentos positivos para o clima que catalisem uma trajetória de
crescimento, ancorada em indústrias preparadas para transformar o planeta e
permitir que os países africanos alcancem estatuto de rendimento médio estável
até 2050.
“Instamos os líderes
mundiais a juntarem-se a nós no aproveitamento desta oportunidade sem
precedentes, para acelerar a descarbonização global, ao mesmo tempo que
procuramos a igualdade e a prosperidade partilhada”, lê-se no documento a que
ANGOP teve acesso.
A declaração exige a
operacionalização do fundo para Perdas e Danos conforme acordado na COP27 e
apela a uma decisão por um Objetivo Global de Adaptação (GGA) mensurável com
indicadores e metas, para permitir a avaliação do progresso contra os impactos
negativos das alterações climática.
No quadro dos desafios,
os Estados-membros estes comprometem-se em desenvolver e implementar
políticas, regulamentos, impulsionar o crescimento económico e a criação de
emprego em África, de uma forma que limite as suas própria emissões e também
ajudem os esforços globais de descarbonização, ultrapassando as tradicionais,
desenvolvimento industrial e promoção de produção verde.
Comprometem-se, de igual
modo, a centrar os seus planos de desenvolvimento económico num
crescimento positivo para o clima, incluindo expansão de transições energéticas
justas e geração de energia renovável para indústrias, práticas agrícolas
climaticamente inteligentes e restauradoras e proteção essencial de valorização
da natureza e da biodiversidade.
Do conjunto dos
compromissos, consta o fortalecimento das ações para parar e reverter a
biodiversidade, desmatamento, desertificação, bem como restaurar terras
degradadas para alcançar a neutralidade da degradação da terra.
Estes preveem o reforço
da colaboração continental, que consideram essencial para permitir e avançar
com o crescimento verde, inclusivo, mas não limitado à rede regional e
continental interconectividade e acelerar ainda mais a operacionalização
da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA).
Os países africanos
recordam que faltam apenas sete anos para alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, e observam com preocupação
que 600 milhões de pessoas em África ainda carecem de acesso à
eletricidade, enquanto 970 milhões não têm acesso à cozinha limpa.
Preocupado com o facto
de, apesar de África ter cerca de 40% das energias renováveis do mundo,
recursos energéticos, apenas USD 60 biliões, ou seja, 2% dos USD 3
triliões de energia renovável investidos na última década chegaram a África.
Reconhecem ainda que as
cidades e centros urbanos africanos estão a crescer rapidamente.
Diante destes números,
os estados africanos, entre outros desafios, terão de implementar a Estratégia
e Plano de Ação para a Biodiversidade da União Africana, com vista a
concretizar a visão para 2050 de viver em harmonia com a natureza,
fornecer todas as reformas e apoio necessários para aumentar a quota de
energias para pelo menos 20% até 2030. ANG/Angop
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