quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Bélgica/China recorre à OMC depois de a UE adoptar novas taxas sobre os seus carros eléctricos

Bissau, 31 Out 24 (ANG) - A China informou hoje ter recorrido à Organização Mundial do Comércio (OMC) na sequência da decisão qualificada de "proteccionista" da União Europeia de impor novas taxas aduaneiras sobre os carros eléctricos chineses.

Esta decisão anunciada ontem pela Comissão Europeia preocupa a Alemanha cujo Chanceler apelou hoje Bruxelas e Pequim a encontrar uma "solução negociada".

Com luz verde de 10 países da União, nomeadamente a França, a Comissão Europeia adoptou ontem um novo regulamento instituindo novas taxas de 10% sobre os carros eléctricos chineses, que somadas as taxas já implementadas, podem ascender a 35% de direitos aduaneiros sobre estes veículos.

Esta decisão que entrou em vigor nesta quarta-feira e é válida por cinco anos, foi justificada pela Europa pela necessidade de fazer face a uma "concorrência desleal" por parte da China e de proteger os 14 milhões de postos de trabalho do seu próprio sector automóvel.

O mercado dos carros eléctricos chineses na UE, outrora minoritário, explodiu literalmente passando de menos 2% em 2020, para mais de 14% no segundo trimestre deste ano, de acordo com dados do executivo europeu.

Daí que perante estas novas taxas europeias qualificadas de "proteccionistas", a China tenha dito hoje que "não aprova nem aceita esta decisão" e que "move uma acção no âmbito do mecanismo de resolução de disputas da Organização Mundial do Comércio (OMC)".

Ao assegurar que "vai continuar a tomar todas as medidas necessárias para salvaguardar com firmeza os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas", a China disse "ter sempre defendido a resolução de disputas comerciais por meio do diálogo e da consulta".

O facto é que a porta para negociações não está fechada, ambas as partes tendo estabelecido que vão continuar a discutir. Negociações particularmente importantes do ponto de vista da Alemanha, cujo sector automóvel, actualmente em dificuldade, vê com maus olhos a eventualidade de um conflito comercial com a China.

Ao apelar a uma "solução negociada", o gabinete de Olaf Scholz sublinhou que o aumento das taxas "vai acarretar naturalmente uma resposta do lado chinês. E conflitos comerciais deste teor não são algo para o qual deveríamos estar a caminhar".

Em resposta às taxas já aplicadas pela Europa, a China encetou recentemente inquéritos antidumping contra suínos, lacticínios e aguardentes de vinho importados da Europa, incluindo o conhaque, cujos fabricantes -aqui em França- dizem "estar a ser sacrificados em nome de um conflito que não lhes diz respeito".ANG/RFI

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