Guerra na Ucrânia/Coreia do Norte e Rússia reforçam aliança político-militar, em vésperas de eleições nos EUA
Bissau, 30 Out 24 (ANG) - A Coreia do Norte enviou cerca de 10 mil soldados para treinar na Rússia, a informação foi confirmada esta segunda-feira 28 de Outubro pelo Departamento de Defesa norte-americano.
Algumas tropas norte-coreanas poderão já
estar a deslocar-se para a frente de batalha na Ucrânia, de acordo com os
serviços de inteligência da Coreia do Sul.
A cooperação com Moscovo poderá
representar, para Pyongyang, "uma abertura ao mundo",
considera Álvaro Vasconcelos.
A aliança político-militar entre a
Coreia do Sul e a Rússia, reforçada desde o início da invasão russa da Ucrânia
em 2022, adquire uma nova dimensão com o envio de tropas norte-coreanas para
combater no campo de batalha.
Numa altura em que Vladimir Putin
procura desenvolver e
liderar uma possível aliança anti-ocidental, "Pyongyang tem todo o
interesse em sair do seu isolamento", analisa o especialista em relações
internacionais Álvaro Vasconcelos. A Coreia do Norte é um dos países mais
isolados do mundo, recorda o analista. Mantém relações com a China, "embora
a China seja um aliado sempre crítico de algumas das ações da Coreia do
Norte".
Neste contexto, a Coreia do Norte tenta
inserir-se na nova dinâmica
internacional que a Rússia procura desenvolver de uma aliança
anti-ocidental, contando nomeadamente com a China, o que daria a Pyongyang uma
"abertura para o mundo". De acordo com Álvaro Vasconcelos, o
centro de gravidade desse objetivo de aliança anti-ocidental é, precisamente,
a guerra na Ucrânia.
Por outro lado, ao reforçar a cooperação
com Moscovo, a Coreia do Norte "não só se reforça militarmente",
como passa a contar, em troca, com o apoio militar da Rússia, o que "tem
evidentemente um impacto muito grande", diz Álvaro Vasconcelos.
Uma das principais razões é a
situação na península coreana, na fronteira com a Coreia do
Sul.
"Seúl está extremamente preocupada com
a possibilidade de a Coreia do Norte encontrar neste contexto e sobretudo, se
Trump ganhar as eleições, uma oportunidade para criar tensões mais graves na
fronteira com a Coreia do Sul", explica o analista.
As eleições
norte-americanas serão decisivas, já
que é conhecida a proximidade entre Donald Trump e Kim Jong-Un, e entre Donald
Trump e Vladimir Putin.
Se o candidato republicano à Casa Branca
for eleito, "uma eventual
aliança anti-ocidental, protagonizada por Putin e contando com Kim Jong-Un
deixaria de ser vista como um problema" por Donald Tump para
os Estados-Unidos, avança o investigador.
Em causa, estariam "as
áreas onde a aliança liderada por Putin procura avançar, ou seja na Ucrânia,
na Geórgia, na Moldávia, no Sahel, e talvez no Médio Oriente", analisa Álvaro Vasconcelos,
que conclui: "Evidentemente que a estratégia de Putin seria favorecida,
de uma forma claríssima, pela vitória de Trump".
De acordo com cálculos da agência France-Presse,
baseados nos dados fornecidos diariamente pelo Instituto para o Estudos da
Guerra (ISW), Moscovo controla
atualmente cerca de 18,2% do território da Ucrânia. ANG/RFI
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