Bissau,06
Jan 20(ANG) - O candidato
derrotado nas presidenciais da Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira, que
impugnou no Supremo Tribunal de Justiça os resultados eleitorais, disse no
último fim de semana que a transparência e a justiça não estão comprovadas no registo
de votos expressos nas atas.
"A
democracia anda em paralelo com a transparência e a justiça, que não estão
comprovadas em relação ao registo dos votos expressos nas atas das assembleias
de voto e muito menos na transposição das atas síntese para os quadros
informáticos em tratamento",
afirmou Domingos Simões.
"Por isso
[foi interposto] o recurso judiciário esperando que as instâncias competentes
deem a conhecer ao povo e à nação guineense a garantia de quem de facto mereceu
a preferência dos guineenses para decidir o seu destino nos próximos cinco
anos", disse o candidato apoiado pelo
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do qual
também é presidente.
Domingos
Simões Pereira falava aos jornalistas e apoiantes numa unidade hoteleira em
Bissau com o objetivo de esclarecer a submissão de um requerimento de
impugnação dos resultados da segunda volta das presidenciais, realizada dia 29
de dezembro.
"Queria
aqui enaltecer o comportamento globalmente irrepreensível das forças de defesa
e segurança que se mantiveram à margem do processo enquanto instituição, mas
que devem proceder a um apuramento e responsabilização dos incidentes ocorridos
e registados para contínua moralização e disciplina do serviço nobre que prestam
à nação", disse Domingos Simões Pereira.
O
presidente do PAIGC denunciou também que um apoiante de um candidato fez
campanha eleitoral no dia da votação junto às assembleias de voto, com a
distribuição de dinheiro, acompanhado de homens armados.
"Também uma
palavra à comunidade internacional pelo acompanhamento que tem assegurado a
situação política do nosso país, nomeadamente às missões de observação
eleitoral que obviamente contribuem para um ambiente mais apaziguado e seguro
do escrutínio, mas que certamente não têm como certificar a correção detalhada
dos dados que são apurados e tratados", afirmou.
Domingos
Simões Pereira destacou também o "excelente" trabalho da sua candidatura e
diretoria de campanha, salientando que o que fizeram vai resultar na sua
vitória "caso os esclarecimentos sejam de facto aportados e as correções
feitas".
"A todos asseguramos o nosso firme compromisso com os valores democráticos
e a nossa determinação em conhecer a verdade e respeitar a vontade do povo
expresso das urnas", afirmou.
Domingos
Simões Pereira entregou na sexta-feira no Supremo Tribunal de Justiça o pedido
de impugnação das eleições com base em alegadas provas de fraude na votação de
domingo passado, segundo fontes da candidatura.
As
alegadas provas "visam demonstrar que os resultados finais foram
adulterados".
Entre
os argumentos para fundamentar as alegadas irregularidades, os advogados da
candidatura de Simões Pereira juntaram elementos de indiciam "discrepância entre o número de
inscritos para votar e o número de votantes".
Fonte
do Supremo Tribunal de Justiça, que na Guiné-Bissau tem também competência de
tribunal eleitoral, disse à Lusa que o dossiê de impugnação das eleições por
parte da candidatura de Domingos Simões Pereira deu entrada no cartório do
tribunal e que agora será apreciado, na próxima semana, "para avaliar a sua justeza ou não"
de acordo com a lei eleitoral guineense.
Segundo
os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições
(CNE), o general Umaro Sissoco Embaló venceu o escrutínio com 53,55% dos votos,
enquanto o candidato Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, conseguiu
46,45%.ANG/Lusa
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