ONU/Relatora Especial sobre tráfico de pessoas recomenda reforço de acesso à justiça no país
Bissau, 14 Nov 24 (ANG) – A
Relatora Especial das Nações Unidas para tráfico de pessoas especialmente
mulheres e crianças defendeu hoje que o
acesso à justiça para as vítimas do tráfico deve ser reforçado, uma vez que a
impunidade e a falta de responsabilização representam uma ameaça aos esforços concertados para combater esse
fenómeno.
Siobhán Mullally que esta
quinta-feira termina uma visita de 10 dias ao país, falava numa conferência de
imprensa de balanço da sua estada no
país.
Disse que medidas devem ser tomadas para combater a
prevalência do tráfico de pessoas e que são necessárias medidas fortes e
urgentes.
De acordo com a perita da
ONU, a administração da justiça deve ser reforçada para garantir a
responsabilização face ao que diz ser grave crise de violação dos direitos humanos e todas as formas
de tráfico, em particular o das crianças.
A pobreza infantil, a
insegurança alimentar e o acesso limitado à educação de qualidade, segundo Mullally,
contribuem para graves riscos de tráfico de crianças.
“As meninas estão
particularmente expostas à riscos de serem exploradas como trabalhadores
domésticas, traficadas para fins de servidores doméstica das zonas rurais para
as zonas urbanas e correm o risco elevado de exploração sexual", declarou.
A Relatora Especial
salientou na sua comunicação que as crianças em situação de rua, exploradas na
mendicidade e na venda de bens, estão também em risco, frisando que, com o
crescimento do turismo, particularmente nas ilhas Bijagós, aumentam os riscos
de tráfico de crianças para exploração sexual.
Aquela responsável destacou
o risco de tráfico no contexto de emigração e a necessidade de uma maior cooperação
internacional para alargar as rotas de emigração regular, segura, em especial
para os jovens, a fim de evitar a exploração.
Mullally afirma que, apesar de congratular com o empenho do
Governo no combate ao flagelo em causa, com a adoção de um novo plano
estratégico nacional, os recursos financeiros limitados, os fracos sistemas de protecção
das crianças e a contínua impunidade permitem a persistência do tráfico de
crianças, e que apesar das constantes denúncias de tráfico de crianças e do
início de investigações, a impunidade continua generalizada.
A perita analisou também os riscos de tráfico de pessoas para fins de
casamento forçado e de exploração sexual, enfrentadas pelas mulheres e raparigas
devido a desigualdade, discriminação e violência do género.
A relatora recomenda o reforço do acesso à justiça, em especial nas
zonas rurais, para garantir a igualdade de género e os direitos a segurança e a
dignidade das vitimas.
Sublinhou a necessidade de
reforçar a protecção dos direitos dos trabalhadores e de aplicar as proteções
laborais em sectores de alto risco, como trabalho doméstico, agricultura, pesca e a exploração mineira.
“O papel da sociedade civil, dos sindicatos e
dos advogados deve ser reforçado , assim como a assistência global e medidas de protecção para as vítimas”,explicou
Siobhán Mullally .ANG/MSC/AC//SG
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