Artista “Lilison” em Bissau para "apoiar" desenvolvimento da cultura guineense
Bissau, 14 Dez 15 (ANG) - O músico e pintor guineense, Januário Sousa Cordeiro conhecido no mundo da arte por (Lilison), está no país para, nomeadamente realizar exposições, encontros de trocas de experiências, de divulgação de projectos individuais e “possíveis” trabalhos conjuntos de pintura.
Em entrevista exclusiva hoje à ANG, este “homem da arte” que vive há trinta anos no Canada acrescentou que vai ver junto das autoridades guineenses a forma de apoiar a materialização destes e outros projectos culturais, a imagem daquilo que acontece noutros países.
“Vim à Guiné, para transmitir a experiência artística que adquiri ao longo de anos no estrangeiro, mas também, para aprender com outros colegas ”, explicou, Sousa Cordeiro que é também Pintor e Escultor.
Em relação ao seu estudo nomeadamente da música e tintas tradicionais guineenses, disse que as suas pesquisas “nunca vai parar” nomeadamente, com o objectivo de deixar o testemunho à geração vindoura.
“Hoje, por exemplo, se eu quiser produzir a tinta, procuro o “Faráh”, árvore típica guineense, para conseguir uma cor particularmente nossa, ou lama de mar, ou um ferro velho para produzir uma outra côr diferente, para a pintura.
E, ainda consigo reciclar as folhas de papel abandonadas para dar outra vida a minha pintura, em termos de côr.
Nas suas palavras, por exemplo, para além das tradicionais águas de calabaceira e farinha trigo, hoje em dia, disse descobrir que ovo, casca de batatas ou até o próprio arroz (produto base de alimentação nacional) podem constituir colas para as conhecidas máscaras carnavalescas da Guiné.
E estas colas, segundo ele, são naturais e não contêm produtos tóxicos como as de madeira, por exemplo.
“E isto, pode ser a minha contribuição no processo de desenvolvimento da cultura na Guiné-Bissau”, rematou.
Neste domínio da pintura, disse que foi bem sucedido no Canada, onde por exemplo vendeu quadros até ao valor de sete mil dólares. E, conforme ele, revela a qualidade do seu trabalho neste subsector da cultura.
“Hoje há pessoas como Jean Michel Basquia, pintor de origem Haitiana, que ganham milhões com a venda dos seus quadros”, afirmou para ilustrar o valor económico desta profissão que é pouco rentável na Guiné-Bissau.
Abordado sobre o prémios ganhos no estrangeiro, “Lili Som” afirmou que foi distinguida por cinco vezes no domínio musical e da arte plástica nomeadamente como o melhor “Blues-Gospel Jubilation V, na categoria da Música, pela Academia Canadiana de Artes e Ciências em 1995, e com o disco do ano na região de Quebec, com o troféu “Felix décene” pela Associação Quebequense de Indústria e de Disco em 1999 e 2000, com o álbum “Bambatulu”.
Ainda informou que durante 30 anos nas terras canadianas criou três bandas, a primeira ligada a tradição guineense e depois, as duas com instrumentos modernos que, lhe levaram a percorrer “quase todo a Canada”, tendo participado em concertos no âmbito da francofonia e de Jazz e até ao norte dos Estados Unidos de América.
“Sou um artista como outros que vive em Canada, mas com particularidades próprias que me distinguem na música e na pintura nesse país” salientou.
Lilison disse que viver no Canada como músico é difícil, porque requer um “esforço extraordinário”, dada a concorrência de muitos artistas que aí radicam e que residem na zona norte dos Estados Unidos de América, país vizinho.
Falando da história da sua vida no estrangeiro, “Lilison” não escondeu as dificuldades que conheceu, e que o levaram a realizar tarefas nomeadamente de “lavar pratos, antes de chegar as galerias”. Mas, consciente de ser “um embaixador da Guiné” no mundo fora, nunca se deixou levar pela delinquência.
“Lilison”, Januário Sousa Cordeiro nasceu em Bolama (sul) há 28 de Fevereiro de 1959. Actualmente, é também titular de cidadania canadiana, cujo país o abrigou durante mais de metade da sua vida. Foi percussionista da já extinta orquestra nacional Nkassa Cobra.
ANG/QC/SG
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