quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Cabo Verde


Feridas por sarar provocam a queda do PAICV

Bissau, 08 Set 16 (ANG) - O ex-Primeiro-ministro de Cabo Verde , José Maria Neves qualificou de “amarga” a derrota do PAICV, mas advertiu que “não é tempo para recriminações ou de autoflagelação.”

Maria Neves reagia ao resultado das autárquicas de domingo, que confirmou a actual hegemonia do MpD 

Neves sublinhou no entanto que é tempo “de debate, aberto e franco, em conferência nacional, antes de quaisquer outras disputas sobre o partido, de identificar as suas fraquezas e as suas fortalezas, para o seu reforço enquanto principal força da oposição e para a sua capacitação institucional e política para vencer os enormes desafios do
s próximos anos.”

Os pronunciamentos do antigo líder do PAICV, feitos depois de a actual líder do partido, Janira Hopffer Almada, colocar o seu cargo à disposição devido à segunda derrota eleitoral consecutiva da força política em menos de seis meses, receberam resposta desta. 

Janira Almada afirmou que o PAICV não se pode resumir à liderança e defendeu uma “reflexão profunda” sobre a responsabilidade “de cada peça do xadrez.”

Os problemas “que hoje alguns 'descobriram'”, prosseguiu, não começaram nas legislativas de 20 de Março ou nas autárquicas de 4 de Setembro, mas no dossier presidenciais de 2011 que “abriu feridas e deixou marcas que ainda não sararam”, antes de lembrar que, apesar de em 2012 o partido ter conquistado oito câmaras, perdeu as autárquicas quando estava no Governo.

“De 2011 a 2014, houve espaços para promover esse debate franco e aberto que hoje se reclama? Foram criadas as condições para tal? Se tal ocorreu, que consequências houve desse debate para o funcionamento e fortalecimento do PAICV?”, questionou, numa alusão aos anos em que o partido era liderado por José Maria Neves.

 “Temos de reflectir agora? Temos! Mas temos de reflectir sobre tudo de algum tempo a esta parte”, acrescentou, fazendo votos para que a “reflexão seja verdadeiramente franca e aberta”, “com profundidade no tempo” e permita “ver, ouvir e valorizar o militante de base”, que “é quem manda (ou devia mandar) no partido.” 

ANG/JA

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