segunda-feira, 27 de junho de 2022

                       Egipto/Estudante recusa namorar e foi assassinada

Bissau, 27 Jun 22 (ANG) - O homicídio de uma estudante, de 21 anos, no Egipto,que foi assassinada  está a chocar o mundo árabe, e trouxe de novo à tona o debate sobre a violência de género no país, noticiou hoje, segunda-feira, a agência Lusa.

Nayera Ashraf foi brutalmente assassinada, na passada segunda-feira, depois de ter recusado o namoro por parte do agressor, identificado como Mohamed Adel.

A jovem foi espancada e esfaqueada nas costas e no pescoço, em plena luz do dia, num ataque que foi registado por uma câmara de vigilância da Universidade de Almançora, no norte do Egipto, onde o homicídio ocorreu e onde Ashraf estudava.

O vídeo acabou por se tornar viral no mundo árabe, catapultando o problema da violência de género no país para as luzes da ribalta.

O pai de Nayera, Ashraf Abdelkader, disse à CNN que o suspeito que seria um colega, segundo testemunhas, a tinha pedido em casamento várias vezes, mas que foi rejeitado.

Terá também alegadamente criado contas falsas para a seguir nas redes sociais, o que levou a que Abdelkader pedisse uma ordem de restrição, em Abril.

"Ela não queria casar, queria seguir a sua carreira... e queria ser assistente de bordo", lamentou.

O homem, que foi preso à porta do estabelecimento de ensino, foi acusado de homicídio premeditado, depois de ter confessado o crime, diz à AFP, que esteve presente na primeira audiência judicial, que decorreu no domingo.

“Ele esfaqueou-a várias vezes”, disse a acusação, que encontrou “mensagens que ameaçavam (que ele iria) cortar a sua garganta” no telefone da vítima.

Por sua vez, Adel assegurou estar “completamente são” quando cometeu o crime, alegando que era o namorado de Nayera e que a jovem “tinha concordado em casar-se”.

“Ela disse que os pais sabiam. Está tudo nas nossas conversas. Mas, passado algum tempo, apercebi-me de que era apenas uma etapa na vida dela. Ela usou-me para alcançar coisas, e quando o fez, deixou-me”, disse, citado pelo jornal Egypt Today.

O homem acusou ainda a família de Nayera de o obrigar a assinar cheques sob pena de ser perseguido por bandidos, revelando que a jovem o tinha ameaçado numa chamada telefónica.

Segundo ainda ele, decidiu insultá-la através de um novo e-mail que criou, depois de ela lhe ter bloqueado nas redes sociais.

No dia fatídico, Adel disse que, quando entrou no autocarro, Nayera estava lá.
“Eu tinha uma faca porque temia que ela cumprisse as suas ameaças. Também queria matá-la, se tivesse oportunidade. Ela estava a rir no autocarro, e fiquei muito chateado. Disse a mim mesmo que ela merecia. Ela e a amiga olhavam para mim e riam. Deixou-me louco. Ela não sabia que eu tinha uma faca”, confessou.

Ainda assim, segundo o Ministério Público, amigos da vítima, funcionários da universidade e condutores dos autocarros asseguraram que o jovem costumava seguir Nayera e assediá-la todos os dias.

A próxima audiência está marcada para terça-feira, segundo disse à AFP o advogado do réu, Ahmed Hamad.

O caso gerou um alvoroço nas redes sociais, tendo um antigo apresentador de TV controverso, Mabrouk Atteya, afirmando que as mulheres "deveriam cobrir-se" para impedir os homens de as matar.

"As mulheres e as raparigas devem encobrir-se e vestir-se de forma larga para impedir a tentação... se sentirem que a vossa vida é preciosa, saiam de casa completamente cobertas para impedir que aqueles que vos querem vos matem", disse.

Causando indignação e provocando uma campanha que apelava à sua prisão.

A pena máxima para homicídios no Egipto é a condenação à morte, tendo o país realizado o terceiro maior número de execuções do mundo em 2021, segundo a Amnistia Internacional.

O Observatório de Crimes de Violência contra Mulheres no Egipto registou mais de 800 casos no ano passado, quase o dobro em relação ao ano anterior.

Contudo, o número real de incidentes será, provavelmente, muito maior, já que as mulheres tendem a não denunciar os incidentes. ANG/Angop

 

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