Cimeira
da Amazónia /Criação de aliança contra a desflorestação mas sem metas concretas
Bissau, 10 Ago 23 (ANG) - Reunidos desde ontem em
Belém, no norte do Brasil, para discutir sobre a necessidade de preservar a
floresta amazónica, os oito países abrangidos na OCTA, Organização do Tratado
de Cooperação Amazónica, decidiram quarta-feira formar uma aliança contra o
desmatamento mas sem fixar metas concretas.
Estipulada numa
declaração comum rubricada ontem no primeiro dos dois dias de cimeira, a
criação da ‘Aliança amazónica de combate contra a desflorestação’ tem por objetivo «promover a
cooperação regional no combate contra a desflorestação para evitar que a
Amazónia atinja o ponto de colapso» mas refere que
cada país conserva a liberdade de prosseguir os seus próprios objetivos nesta
matéria.
Nas 113 páginas do
documento que coloca detalhadamente os pontos em que os países amazónicos
deveriam cooperar no domínio da gestão da água, da saúde, ou ainda de
desenvolvimento sustentável, não aparece nenhuma meta vinculativa.
Nesta cimeira que
o Presidente do país hóspede, Lula da Silva, tinha apresentado como uma «viragem» para
a floresta amazónica, os participantes não conseguiram chegar a um consenso
sobre a meta comum de erradicar totalmente a desflorestação até 2030, este
objectivo estando para já apenas na mira do Brasil.
Também não
conseguiram chegar a um acordo sobre um calendário para acabar com o garimpo,
uma das causas do desmatamento, juntamente com o agro-negócio ou ainda o
tráfico de madeira.
Os oito países
membros da OCTA, aos quais hoje se juntam países e entidades exteriores a esta
organização, nomeadamente a França, a Alemanha e a Noruega, principais
financiadores do Fundo Amazónia, também não conseguiram estabelecer objectivos
comuns quanto ao posicionamento a ser adoptado face às energias fósseis.
Apesar de a
Colômbia defender que «desflorestação zero não é suficiente» e que «é preciso
abandonar as energias fósseis», países como a Venezuela e o Brasil,
grandes produtores de petróleo, mostram-se mais renitentes em assumir
compromissos relativamente a este pelouro.
Com uma superfície
de 6,7 milhões de km², o espaço da floresta amazónica que se estende por oito
países da América do Sul, representa 10% da biodiversidade mundial.
De acordo com
cientistas, se a desflorestação tiver destruído 25% da Amazónia, atingir-se-á
um ponto em que esta floresta passará a produzir mais dióxido de carbono do que
absorve, o que agravaria o aquecimento global. ANG/RFI
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