Gaza/Agência da ONU para refugiados surpreendida com plano de Trump
Bissau, 05 Fev 25 (ANG) - O responsável da agênciada ONU para os refugiados considerou hoje "muito surpreendente" o
plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, de deslocar os palestinianos
e ocupar a Faixa de Gaza.
“É muito difícil expressar-me sobre esta questão tão delicada", admitiu Filippo Grandi, em Bruxelas, citando pela agência francesa de notícias AFP.
Para o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, a
situação atual "não é clara" após as "declarações
extraordinárias" feitas pelo Presidente norte-americano na terça-feira.
Donald Trump disse que quer assumir o controlo da Faixa de Gaza,
devastada pela guerra, e repetiu que os residentes de Gaza deveriam ir viver
para a Jordânia ou para o Egito, apesar da oposição destes países e dos
próprios palestinianos.
"É algo muito surpreendente, mas temos de ver concretamente
o que isto significa", afirmou Filippo Grandi.
Sobre o anúncio feito na segunda-feira pelo conselheiro
presidencial Elon Musk do fim abrupto da ajuda externa norte-americana, que vai
afetar várias organizações não-governamentais, o alto-comissário voltou a
apelar à cautela.
"Está tudo muito fluido agora, o que é um problema, porque
somos uma organização que não pode esperar muito tempo", devido à
importância crítica do financiamento dos EUA, admitiu, lembrando que a ajuda
norte-americana representa atualmente "entre 35 e 40%" das
contribuições para o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
O responsável das Nações Unidas considerou "radical" a
abordagem de Elon Musk, o braço direito de Donald Trump responsável por uma
diminuição dos gastos do governo federal, mas disse que "já estava a
dialogar" com as autoridades norte-americanas sobre o processo de
"renegociação da ajuda".
O diálogo não está, no entanto, a acontecer com o Elon Musk, já
que Filippo Grandi não relatou qualquer interação direta com o milionário doo
da rede social X, sublinhando que o interlocutor do ACNUR "continua a ser
o Departamento de Estado".
A administração norte-americana anunciou no domingo que tinha
afastado dois chefes de segurança da USAID, agência humanitária dos EUA que
financia desenvolvimento internacional, depois de estes se recusarem a entregar
material confidencial ao Departamento de Eficiência Governamental, conhecido
como DOGE, dirigido por Elon Musk.
Trump explicou a decisão afirmando que a agência é dirigida por
"extremistas loucos", que devem ser expulsos, e garantiu que as
decisões de Musk são sempre concertadas com a Casa Branca.
Elon Musk anunciou o encerramento da USAID e os funcionários
receberam instruções para ficar fora das instalações da sede em Washington, com
600 a denunciarem ter sido bloqueados do sistema informático.
Musk, Trump e alguns congressistas republicanos têm criticado a
USAID - que supervisiona programas humanitários, de desenvolvimento e de
segurança em cerca de 120 países - em termos cada vez mais duros, acusando-a de
promover causas progressistas. ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário