Angola/ONU quer solução "imediata" para falta de contracetivos em Angola
Bissau, 05 Nov 25(ANG) - A representante do Fundo
das Nações Unidas para a População (UNFPA) em Angola defendeu hoje a
necessidade de se encontrar uma solução "imediata e de longo prazo"
para o défice de contracetivos que o país enfrenta.
Rinko Kinoshita intervinha na sessão de
abertura do 'workshop' sobre Planeamento Familiar e o Impacto das Alterações
Climáticas na Saúde Sexual e Reprodutiva, em Luanda, promovido pela Assembleia
Nacional de Angola.
Segundo a representante do UNFPA, a agência de
desenvolvimento internacional da Organização das Nações Unidas em saúde
reprodutiva e direitos, "Angola enfrenta um défice nos suprimentos dos
contracetivos a nível nacional, devido a volatilidades no financiamento global
para a saúde sexual reprodutiva e planeamento familiar".
"Temos que
procurar uma solução imediata e também de longo prazo, por isso estamos aqui
hoje neste 'workshop'", disse Rinko Kinoshita, afirmando que o compromisso
desta organização da ONU é fazer com que "toda mulher, rapariga e jovem
possam decidir sobre o seu próprio corpo e o seu próprio futuro, e tenham acesso
permanente à informação adequada e serviços de saúde sexual e reprodutiva, sem
deixar ninguém para trás".
De acordo com Rinko
Kinoshita, os dados mais recentes do Inquérito de Indicadores Múltiplos de
Saúde (IMS), de 2023/2024, demonstram progressos importantes, mas também os
desafios, porque apenas 15% de mulheres casadas ou em comunhão usam métodos
contracetivos modernos, mas nas zonas rurais esse número desce para 8% e entre
as adolescentes para 6%.
"Apesar dos
avanços, o país ainda regista uma das taxas de fecundidade mais elevadas da
África Austral, com 4.8 filhos por mulher, uma redução de 6.2 filhos do IMS de
2015/2016, e 27% de adolescentes de 15 a 19 anos já engravidaram pelo menos uma
vez, sendo 43% da zona rural", enumerou.
"Estes números
não são apenas estatísticas, são histórias de desigualdade e das barreiras que
ainda precisamos superar", prosseguiu Rinko Kinoshita, sublinhando que
investir em saúde sexual e reprodutiva é acelerar o desenvolvimento do país,
promovendo educação das raparigas e igualdade do género.
"Cada kwanza
aplicado no planeamento familiar transforma vidas, reduz a mortalidade materna,
aumenta a taxa de escolarização das raparigas, promove a participação das
mulheres no mercado formal de emprego e fortalece a resistência das
famílias", disse.
A representante do
UNFPA enfatizou que o planeamento familiar garante que o Governo tenha recursos
suficientes para fornecer serviços sociais, de saúde, educação e proteção de
caridade para todas as crianças e adolescentes.
Por sua vez, a
presidente da Assembleia Nacional de Angola, Carolina Cerqueira, disse que os
dados estatísticos de 2024 ilustram que o país "ainda enfrenta desafios no
âmbito da saúde sexual e reprodutiva, tendo em conta a elevada taxa de
fecundidade, com a média de 4,8 filhos por mulher".
Carolina Cerqueira
sublinhou que o caminho para proteger a saúde sexual e reprodutiva em Angola
"passa por uma visão integrada, em que políticas climáticas, saúde
pública, proteção social e direitos humanos se reforçam mutuamente".
"Empoderar as
mulheres e garantir-lhes acesso a serviços de saúde reprodutiva, educação e
informação é uma das formas mais eficazes de reduzir vulnerabilidades e de
promover sociedades mais resilientes", referiu Carolina Cerqueira.ANG/Lusa

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