terça-feira, 5 de abril de 2011

Governo/União Europeia



Balanço Visita PM a Bruxelas: Retomada cooperação entre UE e GB

Bissau, ANG – A União Europeia (UE) manifestou-se pronta a retomar a cooperação com a Guiné-Bissau, interrompida em meados de 2010, devido aos ganhos registados nos últimos tempos pelo país nos domínios da boa governação e respeito pelos direitos humanos.
O anúncio foi feito dia 4, pelo Primeiro-ministro guineense durante um encontro informativo que manteve com militantes do seu partido - PAIGC -, os quais deu explicações sobre a missão a frente duma delegação que o levou a Bruxelas no final do mês de Março.
Carlos Gomes Júnior acrescentou, citando o Presidente da Comissão da EU, o português, José Manuel Durão Barroso, que os “27” vão ainda conceder um pacote de ajuda ao país no valor de 25 milhões de Euros, dos quais 10 serão destinados ao fundo de pensão das reformas no sector da Defesa e Segurança.
Disse ter informado a UE que dos mais de 200 milhões de Euros orçados para Reforma no sector da Defesa e segurança, não obstante os apoios recebidos da Comunidade Económica para o desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO), da própria UE e de Angola, o Estado guineense continua a registar ainda um grande deficit financeiro, do qual pelo menos 23 milhões é o montante a cobrir pelo Estado.
“Fomos a negociação muito bem documentados. Com planos e acções quantificados e as razões de elegermos a reforma como prioridade para o arranque do país”, manifestou Carlos Gomes Júnior.
Os resultados desta missão, segundo o chefe do governo deu mais fôlego a sua equipa e demonstraram que, de facto, existem amigos da Guiné-Bissau no estrangeiro, pois informou que receberam felicitações de diferentes indivíduos e instituições sobre a forma como o país está sendo conduzido.
Confessou que a partida para a missão que lhe era confiada pelo partido e Estado, a delegação por si encabeça, estava apreensiva, pois sabia que a incumbência não era nada fácil dado o dossier que os aguardava, nomeadamente 1 de Abril e assassinatos de figuras públicas em 2009, com os quais seria confrontada pela UE.
O chefe do executivo realçou a forma como os países da língua portuguesa se mobilizaram em Bruxelas pela causa guineense, sobretudo os lusófonos africanos tendo na linha de frente a Angola, em cuja Embaixada se fez uma reunião de concertação para melhorar o memorando para discussão elaborado pelas autoridades nacionais.
Recordou ainda que nas vésperas da partida para negociações com os “27”, o país regularizou as contas em atraso para com organizações como África Caribe e Pacifico (ACP), num valor de perto de 200 milhões de Francos Cfa, enquanto à Organização para o Aproveitamento do Rio Gâmbia (OMVG) se pagou a soma de 100 milhões, para alem da UEMOA, o qual não se especificou a quantia.
“São esforços visando outorgar nova credibilidade ao nosso país”, explicou o Primeiro-Ministro que prosseguiu avaliando de muito bom o desenrolar dos trabalhos prévios realizados entre a delegação e a ACP, bem como com o comissário adjunto da UE encarregue da triagem da situação do país.
Um dos grandes problemas que opunha as partes, segundo Carlos Gomes Júnior, tinha a ver com os acontecimentos de 1 de Abril de 2010, altura em que o então Chefe de Estado-maior, José Zamora Induta foi detido e destituído pelo seu adjunto, António Injai que, igualmente deteve por algumas horas o Primeiro-ministro.
Foi justamente o argumento da própria detenção que Carlos Gomes Júnior usou para persuadir a UE a flexibilizar a sua posição em relação a Guiné-Bissau, pois, segundo disse aquando dos acontecimentos ele foi detido pelos militares revoltosos e encaminhado para o quartel e, posteriormente, enviado para sua residência. Mas defendeu sempre o diálogo com os militares
“Apesar de se tratar duma detenção, porque é que vamos ter que radicalizar posição”, questionou o chefe do executivo lembrando que a Direcção do seu partido naquelas circunstâncias sempre defendeu dialogo para ultrapassar a situação e isso fez com que a imagem do país se mudasse para o positivo.
A UE, de acordo com o chefe do executivo guineense, devia reflectir sobre os esforços que estão sendo feitos e citou como exemplo que todas as leis ligadas as Forças Armadas estão já aprovadas, promulgadas e publicadas, razão pela qual os “27” não devem radicalizar posição.
Para alem de definir a tolerância como uma das divisas do seu partido, Carlos Gomes Júnior garantiu que na qualidade de chefe do governo guineense e que sofreu na pele a tal odisseia, mesmo assim, mentalizou-se da necessidade de ser mais tolerante ainda e buscar o dialogo com os seus algozes.
Foi nesta base que o país conseguiu grandes resultados e que permitiram com que beneficiasse da sua perdão de divida externa e de 63 milhões de dólares doados pela Comunidade Económica para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO) para a implementação da Reforma no Sector da Defesa e Segurança.
“Hoje temos fruto do diálogo. Existe um dialogo permanente com a classe militar”, anunciou Gomes Júnior que regozijou-se com o facto da instalação na Guiné-Bissau da Missão Militar Angolana (MISSANG-GB), o que segundo este responsável, materializou-se graças ao empenho do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
Informou também que questão ligada aos inquéritos de assassinato de figuras politicas em 2009 mereceram também uma abordagem exaustiva e esclarecedora da parte da delegação guineense e frisou que a sessão sobre o assunto duraria varias horas com elementos da UE a tentarem saber do que é que estaria sendo feitos neste sentido.
Carlos Gomes Júnior chamou de “agitadores e instigadores à instabilidade” as pessoas que, antecipando o resultado das conversações entre as partes, teriam posto a circular no país informações segundo as quais “o primeiro-ministro teria ido negociar substituição das chefias militares”.
“Foram campanhas bem orquestradas e, inclusive, foram até postas a circular em alguns jornais”, acusou o primeiro-ministro que apontou também alegados “doutores sem escritórios”, como mentores desta campanha que visa apenas mergulhar o país no caos.
“Aceitamos e estamos a viver num Estado de Direito, mas isso não implica que vamos aceitar e promover a libertinagem. Não vamos admitir falta de respeito de ninguém! Estado é Estado”, advertiu lembrando que aqueles que andam a tentar insuflar os militares para a revolta serão chamados a justiça para responderem sobre seus actos.
A concluir, Carlos Gomes Júnior qualificou de “extraterrestres” as pessoas que estariam a fomentar a campanha no seio da classe castrense contra a presença da MISSANG-GB e prometeu arranjar “passaportes interplanetário para enviar estes espécimes na próxima viagem de um foguetão lunar”.  
ANG/JAM






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