sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Poder Tradicional


“Régulos devem abster-se das cores partidárias”, avisa Presidente da República de Transição

Bissau, 23 Ago 13 (ANG) – O Presidente da República de Transição, Manuel Serifo Nhamajo recomendou hoje aos Régulos para não se envolverem em actividades partidárias a fim de poderem granjear mais respeitos e simpatias nos seus reinados.
Nhamadjo que discursava quando presidia a cerimónia da abertura do IIº Fórum Nacional dos Régulos da Guiné-Bissau, disse que, se um Régulo aceitar receber uma motorizada de um determinado partido político para fins de campanha eleitoral, os outros membros da sua aldeia, do partido diferente, não vão o respeitar.
“Um Régulo deve ser uma figura independente da política, se pretende ser de facto “alguém respeitado da tabanca”, que quando houver conflitos possa mediar as partes em litígio”, disse o chefe de estado, que acrescentou, “se ele fazer parte do problema nunca poderá encontrar a solução”.
O Presidente da República de Transição frisou no entanto que as funções de um Régulo não impedem a pessoa de votar no partido que entender nas urnas.
Declarou que os políticos têm sempre a tendência de corromper a sociedade em seus proveitos com intuito de alcançarem o poder, salientando que, em muitas ocasiões, resolvem os seus problemas mas que deixam os régulos numa situação complicada de perda de moral na sua povoação.
Nhamajo exortou aos participantes do Fórum para debaterem os documentos sem emoção para evitar evitar situações de juízes de causas próprias ou seja para que as recomendações sejam benéficas para todos, sem excepção.
Por sua vez, o ministro da Administração do Território e Poder Local, sublinhou que o poder local tem passado por uma longa travessia do deserto, tendo sido repudiado e rejeitado nos anos que se seguiram a independência sob pretexto de ter colaborado e apoiado os interesses coloniais.
Batista Té afirmou que, actualmente, com o empenho do Governo de Transição, inspirado nas acções anteriormente iniciadas, está a recriar novos contornos de colaboração com o poder tradicional numa clara tentativa de busca de ganhos administrativos.
“O objectivo é de, também, restituir o poder tradicional, uma instituição que histórica e socialmente tem sido vital na organização social e gestão quotidiana das vidas das comunidades”, explicou o governante.
Té salientou que nos últimos tempos, o país tem sido assolado por conflitos sobre a posse da terra entre comunidades e individualidades.
“Os conflitos sobre posse da terra protagonizados pelo fenómeno-Ocupantes Tradicionais, tem dificultado as actividades das autoridades da Administração Local, levando aos investidores a absterem-se das intenções de investir no país”, vincou.
O titular da pasta da Administração do Território disse que o drama do casamento forçado e precoce e as acusações de feitiçaria têm aumentado de forma assustadora e repugnante.
Adiantou que a necessidade de sensibilização e persuasão da população para o cumprimento das directrizes emanadas pelo Estado é um imperativo que não pode ser adiado, pelo que não se pode dispensar a intervenção das autoridades tradicionais.
O IIº Fórum Nacional dos Régulos da Guiné-Bissau, com a duração de dois dias, congregou mais de cem chefes tradicionais vindos de todos os cantos do país.
O encontro tem como objectivo discussão e aprovação dos estatutos do Régulo, na perspectiva do poder tradicional passar a ter um papel a desempenhar na gerência de vários conflitos que surgem nas comunidades.
ANG/ÂC

Sem comentários:

Enviar um comentário