Timor-Leste pede união de
Governos e privados para aproveitar oportunidades na Ásia
Bissau, 24 Fev 16 (ANG) - Governos e sector privado
da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) devem fazer "esforços
conjuntos" para capitalizar as oportunidades que a dinâmica região da Ásia
oferece, defendeu terça-feira o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros
timorense.
Bandeira de Timor Leste |
Roberto Soares falava em Díli numa conferência no
âmbito da segunda reunião dos ministros do Comércio da CPLP, que antecede o 1.º
Fórum Económico Global lusófono que reunirá na capital timorense centenas de
empresários e delegados de mais de 20 países.
"A Ásia oferece muitas oportunidades, mas
estas oportunidades têm também desafios. E para colocar a bandeira da CPLP na
Ásia é preciso adoptar um esforço conjunto e unido com o sector privado",
disse Sarmento Soares.
"É preciso uma acção coerente e coordenada,
com uma visão do Governo e do sector privado, porque só assim se podem extrair
os benefícios do dinamismo regional e global", sublinhou.
O vice-ministro afirmou que a Ásia está a tornar-se
um novo "centro global" da economia mundial, com grandes
oportunidades mas também desafios.
Entre os desafios mais prementes está a
distribuição desigual de riqueza, uma população envelhecida, conflitos étnicos
e religiosos que afectam o desenvolvimento e o crescente problema da poluição
ambiental.
"A Ásia tem um 'know-how' tecnológico capaz de
responder aos maiores desafios. Mas sem esforço concertado e liderança para
fazer avançar o continente, não conseguirá responder aos complexos desafios que
permanecem", disse.
Para Roberto Soares, os Governos têm estado a
esforçar-se para melhorar as condições para os empresários actuarem, mas cabe
agora ao sector privado "continuar os esforços do Governo",
procurando tornar-se "mais produtivo e inovador".
A conferência de terça-feira ouviu várias
apresentações sobre oportunidades de investimento em Timor-Leste, com destaque
para projectos como a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de
Oecusse e Ataúro, ou a cooperação trilateral Timor-Leste-Austrália-Indonésia.
Mari Alkatiri, responsável da ZEESM, destacou os
estudos preliminares que apontam importantes retornos no investimento na região
de Oecusse.
"Uma infra-estrutura ecológica única, que
permite o desenvolvimento de actividades de nicho, como o turismo sustentável
[ou] agricultura orgânica", disse, considerando que agora é importante
avançar com estudos mais pormenorizados que permitam detalhar a viabilidade de
todas as opções, no âmbito do programa de ordenamento do território já
aprovado.
"Estudos essenciais para o que pretendemos
alcançar, em termos de governação para Ataúro e Oecusse. Políticas baseadas em
factos concretos que nos permitam escolher o melhor caminho para dinamizar e
gerar oportunidades de investimento com retorno económico", disse.
Alkatiri recordou que, numa primeira fase, e pela
primeira vez desde 2014, o Estado timorense está a combater o isolamento em que
as regiões de Oecusse e Ataúro viveram, praticamente sem qualquer investimento
público.
Em termos gerais, Mari Alkatiri disse que em
Timor-Leste a maior aposta deve ser nas áreas da agro-indústria, turismo e
sector financeiro, que "devem ser desenvolvidos de forma integrada".
João Gonçalves, coordenador da Unidade de
Cooperação Triangular, destacou as possibilidades de investimento nesta região
e os esforços para dar a conhecer essas potencialidades a investidores.
O objectivo, explicou, é lançar uma zona de
crescimento e desenvolvimento económico entre Timor-Leste, a província
indonésia de Sonda Oriental (NTT) e o Território Norte da Austrália,
aproveitando as condições privilegiadas de Timor-Leste para acesso aos
principais mercados mundiais, criando um "centro industrial e logístico
para as matérias-primas e produtos semielaborados das geografias
adjacentes".
"O sector privado é o principal protagonista
desta iniciativa, a sua participação é determinante para o seu sucesso",
disse.
ANG/Lusa
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