Doença mata dezenas de pessoas e não existe vacina
Bissau, 06 Mar 18 (ANG)
- A Febre de Lassa não é uma doença nova, mas o surto que tem afetado a Nigéria
desde janeiro não tem precedentes existindo
quase 1100 pessoas das quais se suspeita que possam ter a doença,de
acordo com o Centro para o Controlo de Doenças nigeriano.
Bandeira da Nigéria |
A doença que pode causar
epidemias muito perigosas e para a qual ainda não existe vacina já matou pelo
menos 90 pessoas e os números
correspondem ao período entre 1 de janeiro e 25 de fevereiro.
A doença é também
conhecida como uma "febre
hemorrágica viral" e afeta vários órgãos, danificando também os vasos
sanguíneos. Os sintomas, esses, são a maioria das vezes moderados, como febre,
dor de cabeça ou o sentimento de fraqueza. Algumas pessoas podem não ter
qualquer sintoma até, explica o especialista em vacinas Charlie Weller, chefe
de departamento da Wellcome Trust, num artigo escrito no site do BBC.
Em alguns casos, explica
também Weller, a Febre de Lassa pode imitar outra febre hemorrágica mortal, o
ébola, devido às hemorragias que podem acontecer através de várias partes do
corpo.
Sendo uma doença difícil
de diagnosticar e tratar, acrescentando-se ainda o facto de que ainda estão a
acontecer pesquisas para a criação de uma vacina.
Dados das autoridades
nigerianas referem também que a taxa de morte em relação à doença é de 20 por
cento nos casos prováveis e confirmados, quando normalmente é de cerca de 1 por
cento, diz Charlie Weller. O número de mortos, que oficialmente é de cerca de
90, pode ser muito maior, devido à dificuldade de identificação da doença.
No início da doença, que
tem um período de incubação de aproximadamente três semanas, é impossível
distingui-la de outras como o dengue ou a malária. E a única maneira de
confirmar um diagnóstico é a análise num dos poucos laboratórios especializados
na Nigéria.
Os surtos podem ser
influenciados por condições sazonais e climatéricos, que afetam o portador
natural do vírus, o multimammate
rat, um roedor. O grande número de casos pode refletir condições de
saúde pública ou pode ter sido o virus que tenha mudado, acrescenta o
especialista.
A maioria das pessoas
apanha a Febre de Lassa de qualquer coisa que esteja contaminado com fezes,
urina, sangue ou saliva do referido rato. Pode ser através de beber, comer, ou
simplesmente manusear objetos contaminados. Pode também ser passado de pessoa
para pessoa através de fluidos corporais. Está ainda por perceber se a doença
permanece no organismo mesmo após passar e se pode ser transmitida através de
contactos sexuais.
Apesar das precauções
indicadas para a população, como armazenar água e comida em sítios bem selados
e bloquear buracos em casa por onde os roedores possam entrar, faltam ainda
ferramentas médicas que sejam mais efetivas, como testes de diagnóstico,
tratamentos e vacinas.
Mesmo com o contexto
pouco favorável de que Charlie Weller fala, o chefe de vacinas do Wellcome
Trust refere que "é provável que seja encontrada uma vacina", mas que
"como com outras doenças que afetam principalmente países pobres, o
progresso parou".ANG/DN
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