África/Malária matou quase 612 mil pessoas em 2020, 49 mil devido à covid-19
Bissau, 07 Fev 22 (ANG) – A malária em África matou quase 612 mil pessoas em 2020, mais 68.953 face ao ano anterior, das quais 49 mil por perturbações nos programas e serviços de saúde provocadas pela covid-19, segundo um relatório divulgado hoje.
O
Relatório de progresso sobre a Malária – 2021, elaborado pela União Africana
(UA), a Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) e a Parceria RBM
para o Fim do Paludismo, será hoje apresentado no âmbito da 35.ª sessão
ordinária da conferência da UA, que decorre desde sábado em Adis Abeba, na
Etiópia.
A
apresentação do documento estará a cargo do presidente da República do Quénia e
líder da Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária (ALMA), Uhuru Kenyatta.
Segundo
o relatório mais recente sobre esta doença, registaram-se 232 milhões de casos
de malária (96% do total global) e 611.802 mortes causados por esta doença (98%
do total global) em África, em 2020.
Estes
números revelam um aumento de 68.953 mortes por malária, face a 2019, com 49
mil destas mortes a serem atribuídas a perturbações dos programas de malária e
dos serviços de saúde, provocadas pela pandemia de covid-19.
No
início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tinha alertado para o
risco de uma duplicação da mortalidade por malária, devido às consequentes
interrupções das campanhas de pulverização e da distribuição de mosquiteiros
tratados com insecticida.
O
facto de este aumento se ter ficado pelos 9% reflecte as medidas tomadas pelos
Estados-membros da UA para impedir o pior cenário possível.
Segundo
as estimativas revistas da OMS, citadas no documento, o número de mortes por
malária é significativamente mais elevado do que se julgava: 2,1 milhões de
mortes adicionais em África desde 2000, um aumento de 19%.
Perante
estes dados, os autores do documento concluíram que o continente africano não
está no bom caminho para eliminar a malária até 2030, uma meta ambiciosa que os
países almejavam alcançar.
“África
não atingiu o seu objectivo de reduzir a incidência e mortalidade do paludismo
em 40% até 2020, com apenas seis Estados a atingirem pelo menos um dos
objectivos.
Apesar
destas dificuldades, 15 Estados-Membros da UA alcançaram a sua meta para 2020
ou fizeram progressos significativos nesse sentido.
Reduziram
a incidência em pelo menos 40% a Etiópia, a Mauritânia, Cabo Verde, Gâmbia e o
Gana, enquanto o Essuatíni (antiga Suazilândia), a Guiné Equatorial, o Quénia,
o Ruanda, o Senegal e o Togo reduziram a incidência da malária entre 25% a 40%.
O
relatório refere que, em relação à mortalidade, esta foi reduzida em 40% na Etiópia,
África do Sul.
O
Níger, a Serra Leoa e o Togo tiveram a mortalidade reduzida (25% a 40%),
enquanto Cabo Verde e São Tomé e Príncipe foram os países da UA sem mortes
causadas pela malária desde 2018.
Os
autores alertam para o facto de cerca de 63% das actividades dos planos
estratégicos nacionais contra a malária não estarem actualmente financiados, em
parte devido ao esforço mundial que foi necessário para combater a covid-19,
sublinhando a necessidade de aumentar os recursos contra esta doença.
ANG/Inforpress/Lusa
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