Guiné
Equatorial/Activista defensor dos direitos humanos Joaquín Elo Ayeto foi
libertado
Bissau, 13 Dez (ANG) – O
activista equato-guineense Joaquín Elo Ayeto, detido no domingo em Malabo,
disse segunda-feira à agência Lusa que já foi libertado, após cerca de 24 horas
detido.
“Já estou em liberdade. Saí
da prisão Guantánamo às 18:00 [16:00 em Cabo Verde]”, disse à Lusa Joaquín Elo
Ayeto, que agradeceu todo o apoio que recebeu da comunidade e imprensa
internacional.
Joaquín Elo Ayeto, uma das
vozes mais respeitadas da Guiné Equatorial em matéria de direitos humanos e
coordenador da plataforma Somos +, foi detido no domingo à tarde, tendo ficado
na esquadra do Semu, junto ao mercado com o mesmo nome no centro da capital,
depois de ter comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos no sábado.
Em seguida, foi transferido
para a Esquadra Central do Ministério da Segurança Nacional, na cadeia de mais
alta segurança do país, também conhecida como Guantánamo ou Black Beach.
Numa mensagem que enviou à
agência AFP, Joaquín Elo Ayeto disse que foi acusado de “ter realizado uma
reunião ilegal e clandestina, sem autorização do governo”, acrescentando que
recebeu garantias de que “não haverá processo judicial”.
“Não fui torturado, mas a
minha detenção foi violenta” e “as condições de detenção eram más”, concluiu na
mensagem.
Segundo a plataforma de que
é coordenador, Joaquín Elo Ayeto foi detido por ter feito a evocação do dia sem
estar autorizado para tal, mas a organização alega que a celebração foi feita
num local privado e, como tal, não era necessário autorização.
Um outro activista terá sido
também detido no final da semana passada na zona de Bata, segundo fonte no
terreno contactada pela Lusa, por suspeita de estar a organizar acções de
protesto por ocasião do Dia dos Direitos Humanos, assinalado em 10 de Dezembro.
A estes dois detidos
somam-se outros dois activistas presos desde Setembro sem acusação formal,
segundo os seus advogados, Anacleto Micha e Luiz Nzó.
Para estes detidos, foi
criado uma página na Internet para apelar à sua libertação –
https://genuestra.weebly.com/libertadnzoymicha.html – mas, até ao momento, as
autoridades da Guiné Equatorial não atenderam os pedidos judiciais.
A estes activistas detidos
somam-se opositores políticos, como é o caso do líder do partido Cidadãos para
a Inovação (CI), Gabriel Nsé Obiang, cuja formação foi ilegalizada para não
concorrer nas eleições de 20 de Novembro.
A Guiné Equatorial integra a
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014 e tem insistido
que não viola os direitos humanos e respeita os direitos da oposição. Mas
vários analistas e organizações acusam o Governo de Malabo de representar uma
das ditaduras mais violentas do mundo e vários críticos contestaram a decisão
da CPLP de aceitar no seu seio esta ex-colónia espanhola que vive do petróleo.
O líder do único partido da
oposição de facto autorizado a concorrer – a Convergência Para a Democracia
Social, CPDS -, Andrés Esono Ondo, tem criticado a desigualdade de tratamento e
as dificuldades de fazer oposição.
O resultado das eleições foi
esmagador para o partido governamental de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que
obteve todos os lugares no Senado e no Congresso. Obiang é o Presidente há mais
tempo no poder em todo o mundo.
O seu filho e
vice-presidente, Teodoro Nguema Obiang Mangue, desafiou nas redes sociais a que
os críticos encontrem provas de violações de direitos humanos e democráticos.
Teodoro Nguema Obiang
Mangue, também conhecido por ‘Teodorín’, foi já condenado por corrupção em
processos noutros países e é considerado, por analistas, o sucessor do pai na
Presidência do país.
Além do líder dos Cidadãos
para a Inovação, foram detidos 50 militantes em setembro, ainda antes das
eleições.ANG/
Inforpress/Lusa
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