segunda-feira, 10 de novembro de 2025

   COP30/ Amazónia acolhe as negociações climáticas mais difíceis de sempre

Bissau, 10 Nov 25 (ANG) - Começa hoje a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, COP30, na cidade de Belém em plena Amazónia, no Brasil.

O desafio é claro: evitar o colapso da cooperação mundial sobre o clima. Mesmo que os dados relativos aos progressos alcançados na luta contra o aquecimento global sejam motivo de preocupação.

Apesar de décadas de negociações, compromissos e cimeiras, as emissões globais de gases com efeito de estufa aumentaram um terço desde a primeira reunião, o consumo de combustíveis fósseis continua a crescer e as temperaturas médias mundiais aproximam-se de limiares que os cientistas consideram catastróficos para o planeta.

Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, considera que as reuniões anuais continuam a ser úteis, embora reconheça que é preciso fazer muito mais, e com muito mais rapidez, pois as catástrofes climáticas atingem todos os países.

Desde 1995, as emissões globais aumentaram 34%.

Um relatório recente do World Resources Institute revela que os objectivos de redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2035 continuam insuficientes para impedir que as temperaturas globais aumentem mais de 1,5 °C em relação à era pré-industrial — o limite fixado pelo Acordo de Paris de 2015.

As temperaturas médias anuais já ultrapassaram esse limiar em determinados anos, e 2023 e 2024 figuram entre os anos mais quentes de sempre.

Todavia, Simon Stiell afirma que, sem o processo da COP, o mundo estaria hoje a caminho de um aumento de temperatura de 5 °C, em vez dos menos de 3 °C actualmente projectados.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, manteve o evento na Amazónia apesar da falta de hotéis e das críticas logísticas, determinado em fazer da floresta o símbolo da urgência climática.

A floresta amazónica, essencial na absorção de gases com efeito de estufa, enfrenta hoje múltiplas ameaças: desflorestação, mineração ilegal, poluição e violência contra comunidades indígenas.

No arranque de nova maratona de negociações, subsistem as questões: consegue ainda o mundo unir-se perante as previsões catastróficas de aquecimento global? Como evitar um choque entre países ricos e em desenvolvimento? E onde encontrar os recursos financeiros para apoiar as nações mais afectadas?

Os Estados Unidos, o segundo maior poluidor do mundo, não estarão presentes.

Resta, contudo, um ponto positivo. Depois de três cimeiras seguidas realizadas em regimes autoritários: Egipto, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão, a sociedade civil deverá, desta vez, no Brasil, ter espaço para se fazer ouvir.ANG/RFI

 

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