Bélgica/Conselho da Europa denuncia tentativas de minar Direito Internacional
Bissau, 10 Dez 25 (ANG) - O comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa denunciou hoje "tentativas inaceitáveis" de minar o Direito Internacional, reagindo a apelos para reformas da Convenção Europeia dos Direitos Humanos de mais de metade dos Estados-membros.
"Exorto-vos veementemente a evitar qualquer discurso que possa pôr em causa a lei", afirmou Michael O'Flaherty aos ministros da Justiça dos países signatários da Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH), reunidos hoje em Estrasburgo para uma conferência informal.
A reunião interministerial decorreu num
contexto de divergências quanto ao papel da CEDH no combate à imigração ilegal.
Em maio passado,
nove Estados-membros (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Estónia, Itália, Letónia,
Lituânia, Polónia e República Checa --- todos também membros da União Europeia)
consideraram "necessário iniciar uma discussão sobre a forma como as
convenções internacionais abordam os desafios atuais", nomeadamente das
migrações, numa carta aberta publicada pelo Governo italiano.
Quinze outros
Estados juntaram-se ao apelo antes da reunião de hoje em Estrasburgo, segundo
avançou a agência de notícias francesa AFP, citando fontes diplomáticas, o que
eleva para 24 o número de países que querem questionar a CEDH, ou seja, mais de
metade dos 46 Estados-membros.
Na sua intervenção,
o comissário condenou as "tentativas inaceitáveis" de minar o
princípio da não-repulsão, que proíbe a expulsão de uma pessoa para um país
onde possa ficar em perigo.
O
vice-primeiro-ministro britânico, David Lammy, reiterou hoje a intenção do seu
Governo de rever a interpretação de certos artigos do tratado, particularmente
aquele que diz respeito ao direito à vida familiar.
"A definição
de 'vida familiar' não pode ser alargada para impedir a expulsão de pessoas que
não têm o direito de permanecer no país", sublinhou.
A CEDH é um tratado
assinado pelos 46 Estados-membros do Conselho da Europa, que garante o respeito
pelas liberdades fundamentais. A sua correta implementação é monitorizada pelo
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
No Reino Unido, a
CEDH é fortemente criticada, sendo acusada de impedir o Governo de combater a
imigração ilegal, particularmente a chegada de migrantes através do Canal da
Mancha em pequenas embarcações.ANG/Lusa

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