Sindicato
de Base considera ilegal expulsão de 156 trabalhadores pela Direcção
Bissau, 02 Dez 14 (ANG) – O
presidente do Sindicato de Base de Trabalhadores da Administração dos Portos da
Guiné-Bissau (APGB) considerou de ilegal a expulsão de 156 estivadores por
parte da Direcção da empresa, alegando motivos “económicos e estruturais”.
Em conferência de imprensa
realizada hoje em Bissau Hélder Gomes qualificou a acção da Direcção da APGB ligada
a questões “políticas e étnicas”.
“A APGB podia até proceder a
este despedimento colectivo por razoes económicas, mas isso devia ter o aval do
ministério da função pública e do secretariado de estado transporte”, corrigiu Hélder
Gomes.
Quanto a questão de
dificuldades em regularizar os seguros dos trabalhadores agora despedidos, tal
como alega a Direcção, o Presidente do Sindicato de Base qualificou esta justificação
de sem fundamento.
A título de exemplo, Hélder
Gomes revelou que a APGB teria comprado acções da empresa de telecomunicações -
a Guiné-telecom – pelo valor de mais de 1.2 biliões de Francos CFA, além de ter
procedido a compra de barcos, alegadamente, sem concurso público.
Tais montantes, de acordo
com o sindicalista, seriam superiores ao que é necessário para pagar seguros
dos trabalhadores despedidos.
Em conclusão, o presidente do
Sindicato de Base dos trabalhadores da APGB exortou o governo a estar mais
atento e proceder a um rigoroso controlo na empresa, que na sua definição, é “rentável”.
Por sua vez, o advogado dos funcionários
despedidos lembrou a Direcção da empresa da necessidade de observância da
legalidade administrativa nesta instituição portuária que no passado foi palco
do inicio da luta de libertação do país.
Cletche Na Isna encorajou os
trabalhadores afectados pela decisão da empresa e prometeu que o gabinete que
representa vai ser intransigente e irreversível na sua luta pela justiça a
favor dos 156 ex-funcionários.
“Despedimento por motivos
económicos está prevista na lei geral de trabalho do país” reconheceu tendo por
outro lado lembrando que quando se trata de uma demissão selectiva e com cunhos
político-étnicos, isso fere a mesma lei.
Na sua opinião, a APGB, ao
contrario do que alega, não esta com dificuldades económicas, pois os seus funcionários
estão com os salários em dia e muito menos declarou falência.
Cletche na Isna anunciou ter
já entrado com uma previdência cautelar no tribunal regional de Bissau contra a
decisão da empresa em relação aos 156 despedidos.
Os trabalhadores em causa
alegam ter rubricado contracto de trabalho efectivo no passado dia 1 de Março
do ano em curso com a APGB na altura dirigida por Félix Nandungue, para
desempenhar as funções correspondentes ao nível 08 nos termos da lei geral do
trabalho da Guiné-Bissau.
Tentativas efectuadas pela
ANG para registar as reacções da Direcção da APGB resultaram-se infrutíferas,
uma vez que o Director Geral, Mário Mussante da Silva teria sido convocado pelo
Presidente da Republica.
A exoneração dos 156 funcionários
da empresa gerou segunda-feira grande confusão, com os trabalhadores a tentarem
a todo o custo entrar nas instalações dos portos. Foi necessária a intervenção
de forças policiais que tiveram de usar granadas de gás lacrimogéneo para dispersar
os manifestantes.
ANG/LPG/JAM
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