Observadores consideram eleições presidenciais livres, mas alertam para abstenção
Bissau, 04 Out 16 (ANG)
- Os observadores internacionais às presidenciais de domingo em Cabo Verde
consideraram segunda-feira que as eleições foram livres e transparentes, mas
aconselham a adoção de reformas para incentivar maior participação dos
cidadãos.
Nas eleições de
domingo, o actual chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, foi
reeleito à primeira volta com 92.055 votos (74 por cento) numa votação em que
participaram apenas 35.7 por centos dos 361.206 eleitores, segundo os dados
provisórios quando falta contar apenas 4 por cento de votos nos círculos
eleitorais no estrangeiro.
A votação contou com
a participação de missões de observadores da Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental (CEDEAO) e da União Africana.
Em conferência de
imprensa , na cidade da Praia, o chefe de missão da CEDEAO, o antigo presidente
do Benim, Thomas Boni Yayi sublinhou "as condições de liberdade e
transparência" e o "clima pacífico" e "sem incidentes"
em que decorreu todo o processo eleitoral.
"Este sexto
processo de eleição presidencial representa de facto um marco na consolidação
das conquistas democráticas do povo cabo-verdiano, demonstra a maturidade de
todos os interessados e o funcionamento das instituições", afirmou Thomas
Boni Yayi.
A missão da CEDEAO,
composta por 50 membros, marcou presença em 480 mesas de voto (47 por cento) em
nove das 10 ilhas cabo-verdianas.
Na avaliação
preliminar, o chefe da missão assinalou, por outro lado, a "baixa
mobilização dos eleitores" e recomendou que sejam tomadas medidas para
incentivar uma maior participação dos cidadãos.
A CEDEAO sugere,
nomeadamente, o envolvimento da sociedade civil através de campanhas de
sensibilização e a organização de eleições gerais (presidenciais, legislativas
e municipais) em simultâneo para reduzir custos e "suscitar mais interesse
nas eleições".
A missão propõe ainda
às autoridades cabo-verdianas que considerem a possibilidade de introdução do
voto eletrónico.
Thomas Boni Yayi
elogiou o profissionalismo na organização do escrutínio e manifestou o desejo
de que a experiência possa ser partilhada com os países homólogos da CEDEAO.
Também o chefe da
missão de observadores da União Africana (UA), o ex-presidente da República da
Guiné-Bissau, Serifo Namadjo, considerou que as eleições "foram livres e
justas".
"O processo
decorreu na normalidade. Constatamos que nas mesas os técnicos da Comissão
Nacional de Eleições (CNE) eram pessoas bem preparadas para o efeito e também
não houve nenhuma situação registada que pudesse indiciar alguma fricção ou
outro problema", disse.
Em declarações à
Rádio de Cabo Verde (RCV), antecipando a conferência de imprensa sobre os
resultados da missão que realizará terça-feira, na cidade da Praia, Serifo
Namadjo apontou igualmente a abstenção como o ponto mais negativo do
escrutínio.
Por isso, recomendou
medidas que conduzam a um maior envolvimento dos cabo-verdianos em próximas
eleições.
"Acredito que
seja uma tarefa de todos. Políticos, sociedade civil e a própria população
devem engajar-se mais na consolidação desse processo que deve melhorar ao longo
dos anos, resultando num maior interesse das pessoas pela política e pela
escolha dos seus responsáveis", sustentou.
A missão da UA inclui
29 elementos e acompanhou as eleições em sete das nove ilhas de Cabo Verde.
ANG/Lusa
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