Unidade de Contraterrorismo chamada a investigar roubo de materiais de
guerra
Bissau, 03 Jul 17 (ANG)
- A Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ)
foi chamada a investigar o roubo de material de guerra dos paióis da base
militar de Tancos.
Ao Diário de Notícias, fonte autorizada confirmou ao
jornal que esta unidade especial está a trabalhar com a Polícia Judiciária Militar (PJM),
organismo que abriu inicialmente a investigação.
Em comunicado, na quinta-feira, o Exército afirmou
que foi detectada
no dia anterior, ao final do dia, a violação dos perímetros de segurança
dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois ‘paiolins’.~
Segundo o DN, além das 120 granadas ofensivas e 1500 munições de calibre 9 mm – apenas
autorizado a forças de segurança e militares – inicialmente avançadas, foram
ainda roubadas 20 granadas de gás lacrimogéneo, 44 lança-granadas e quatro
engenhos explosivos “prontos a detonar” das instalações militares.
Tal como aconteceu
no episódio das Glock da PSP, todas as informações sobre o material
desaparecido já foram partilhadas nas
bases de dados internacionais e as secretas nacionais estão em
contacto com as estrangeiras para que “acionem os seus espiões no submundo do
tráfico internacional de armas e ajudem a localizar o destino do material”,
escreve o jornal.
Segundo o DN, os investigadores já estão no terreno
e terá de ser feita uma verificação exaustiva para perceber quando foi desviado
o material. Recorde-se que o General Loureiro dos Santos adiantou
que o sistema de videovigilância
da instalação militar está avariado há dois anos mas que, no entanto, o
material estaria a ser vigiado todos os dias, 24 horas por dia, através de
rondas feitas a pé e em viaturas, em horários aleatórios, pelo que pode ser
possível à PJM situar, com precisão, o intervalo de tempo em que o assalto
foi feito.
Tendo em conta a quantidade e dimensão do material roubado, suspeita-se que o
assalto não tenha sido feito apenas numa única tentativa, assumindo-se
assim que foram várias as entradas ilícitas.
Entretanto, o ministro da Defesa decretou
uma auditoria da Inspeção Geral da Defesa Nacional a “todas as estruturas de
armazenamento de munições e armamento”, cita o DN.
Neste caso, é de destacar que a vedação das
instalações militares também estaria a precisar de obras, algo que segundo
um despacho publicado em Diário da República, seria resolvido, uma vez que
o Ministério da Defesa Nacional autorizou,
a 5 de junho, uma despesa de 316 mil
euros mais IVA para a reconstrução da tal vedação.
Em entrevista à SIC, o governante afirmou que este roubo é um caso de “extrema gravidade” mas
defende-se, dizendo que a nível global “não é a maior quebra de segurança do
século”, dando como exemplo outros casos nos EUA e no Canadá.
Azeredo Lopes afirmou ainda registar a “circunstância peculiar da coincidência
[do roubo] com a decisão do reforço do perímetro de segurança” dos Paióis
Nacionais de Tancos, sublinhando, porém, não querer insinuar nada, nem
“aligeirar carga” das responsabilidades.
Hoje, à margem das comemorações do 65.º
aniversário da Força Aérea Portuguesa, o ministro diz que assume a “responsabilidade política” depois do
furto de material de guerra pelo “simples facto de estar em funções”.
PSD e CDS-PP já anunciaram que querem ouvir o
ministro da Defesa no Parlamento sobre este assunto. O PSD requereu também a
audição do chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.
O PCP classificou o assalto como um “caso de extrema
gravidade a necessitar de todo o apuramento, incluindo a retirada de
consequências”, enquanto o BE questionou o Governo, querendo saber o que falhou
e que medidas serão tomadas para o recuperar, pedindo esclarecimentos sobre a
eventual avaria na videovigilância.
O governante já disse que marcará presença na Assembleia da República e que aí dará as
explicações que os deputados entenderem.
O chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, reconheceu que quem roubou o material de guerra do
quartel de Tancos tinha “conhecimento do conteúdo dos paióis” e admitiu a
possibilidade de fuga de informação.
“Para haver algo deste género tem de haver
informação interna”, assumiu, em
declarações à SIC, acrescentando que, além da investigação conduzida pela
Polícia Judiciária Militar e pela Polícia Judiciária, vai decorrer um inquérito
no Exército para apuramento de eventuais responsabilidades.
Rovisco Duarte disse que o roubo ocorreu numa zona
cuja vedação ainda não tinha sido reforçada com material mais resistente, no
âmbito das medidas de melhoria da segurança das instalações militares.
Segundo o chefe do Estado-Maior do Exército, “estes
roubos podem acontecer em qualquer país e em qualquer Exército, desde que haja
vontades e capacidades”.
Rovisco Durte sublinhou que o material de guerra
roubado foi selecionado por quem tinha “conhecimento do conteúdo dos paióis”.
Face ao incidente, a segurança foi reforçada nos
paióis com “o aumento de efetivos” e com “patrulhas mais robustas”, assinalou,
referindo que “não se permite ajuizar” sobre a falta de funcionamento do
sistema de videovigilância do quartel, parado há dois anos.
O chefe do Estado-Maior do Exército frisou que os
planos de segurança e vigilância foram cumpridos.
ANG/ZAP/ Lusa
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