Polícia denuncia
situação de um “narco Estado” que o pais vive devido aumento de crime
organizado
Bissau, 21 Fev 18(ANG) – A Holanda apresenta ”características
de um narco Estado”, com uma polícia sem os recursos necessários para evitar o
crescimento do crime organizado ligado ao tráfico de droga e aos crimes
sexuais, segundo um relatório do sindicato da polícia.
O documento, entregue no Parlamento pela
Associação de Polícia Holandesa (NPB) para denunciar a falta de pessoal e de
recursos, foi realizado através de entrevistas a 400 agentes da polícia
judiciária.
Embora os números oficiais apontem para
uma redução do crime, a associação sindical considera que isso se deve ao facto
de muitas vítimas não denunciarem os casos às autoridades, dada a falta de
capacidade de resposta da polícia.
Segundo o relatório, os polícias estão
sujeitos a uma carga de trabalho excessiva, que os impede de investigar uma
parte dos delitos, em alguns casos, quatro em cada cinco crimes. No total,
anualmente, 3,5 milhões de delitos ficam por investigar por falta de meios,
segundo o relatório.
Esta situação, adverte a polícia, dá
margem aos criminosos para desenvolver as suas actividades “à vontade” e,
graças ao tráfico de droga, tornar-se “empresários ricos, com interesses na
hotelaria e no mercado imobiliário”.
“Nos últimos 25 anos vi pequenos
traficantes transformar-se em grandes empresários, com bons contactos com
políticos e com investidores respeitados”, disse um dos polícias citados no
relatório.
Segundo números da Europol citados pelo
jornal The Guardian, a maioria do ‘ecstasy’ consumido na Europa e nos Estados
Unidos é produzida no sul da Holanda por organizações ligadas à produção de
‘cannabis’ e metade da cocaína consumida anualmente na Europa entra no
continente pelo porto holandês de Roterdão.
Além da droga, o abuso sexual é um
“problema social subestimado” na Holanda, segundo a NPB, e a polícia depara-se
com um aumento importante dos casos de tráfico de pessoas para prostituição
forçada, pornografia infantil e ‘revenge porn’, o acto de divulgar publicamente
vídeos íntimos sem o consentimento dos envolvidos.
Os crimes contra idosos registam também
um aumento, nomeadamente burlas, roubos e agressões.
“Os polícias sentem-se esquecidos e as
vítimas são os cidadãos”, lamenta a associação sindical, que pede ao governo a
contratação a curto prazo de 2.000 polícias de investigação.
Inforpress/Lusa
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