Covid-19/Mais de 140 líderes
mundiais pedem vacina gratuita para todos
Bissau, 15 mai 20 (ANG)
- Mais de 140 líderes e especialistas
mundiais, incluindo Durão Barroso, Fernando Henrique Cardoso e Joaquim
Chissano, assinaram uma carta aberta na qual pedem a todos os governos que se
unam para encontrar uma vacina gratuita contra a Covid-19.
A carta surge poucos
dias antes de os ministros da Saúde dos 194 Estados-membros da Organização
Mundial de Saúde se reunirem em teleconferência para a Assembleia Mundial da
Saúde, agendada para 18 de Maio.
A carta, que marca a
posição mais ambiciosa de líderes mundiais sobre uma vacina para a Covid-19,
exige que todas as vacinas, tratamentos e testes sejam isentos de patentes,
produzidos em massa, distribuídos de forma justa e disponibilizados a todas as
pessoas de todos os países de forma gratuita.
Entre os signatários
constam o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro de Portugal
José Manuel Barroso, o antigo Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, o
ex-Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, além do antigo Presidente de
Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz, José Manuel Ramos-Horta.
Entre os signatários
constam ainda a ex-directora da Unesco Irina Bokova, a antiga presidente da
Assemblei-Geral das Nações Unidas Maria Fernanda Espinosa, a criadora da
Fundação Graça Machel, o fundador da organização Médicos Sem Fronteiras,
Bernard Kouchner, e o ex-Presidente colombiano e Prémio Nobel da Paz, Juan
Manuel Santos.
A carta foi também
assinada pelos antigos primeiros-ministros espanhol Felipe González e italiano
Mario Monti, além do Presidente da África do Sul e presidente da União
Africana, Cyril Ramaphosa, do Presidente do Senegal, Macky Sal, e do Presidente
do Gana, Nana Addo Dankwa Akufo-Addo.
Constam ainda o
ex-primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown, o ex-Presidente do México
Ernesto Zedillo, o ex-administrador do Programa de Desenvolvimento das Nações
Unidas e a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark.
A estes nomes juntam-se
ainda economistas notáveis, advogados da área da saúde e de outros campos
pertencente à organização os Anciões, a ex-Presidente da Irlanda Mary Robinson,
o Prémio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o director do Centro Africano de
Controlo e Prevenção de Doenças, John Nkengasong, e o relator especial das
Nações Unidas para o direito de todos usufruírem dos melhores tratamentos em
saúde física e mental, Dainius Puras.
“Milhões de pessoas
aguardam uma vacina, a nossa maior esperança para acabar com a pandemia”, disse
Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul.
“Como todos países de
África, exigimos que a vacina para a Covid-19 seja livre de patentes, fabricada
e distribuída rapidamente e gratuita para todos. Toda a ciência deve ser
partilhada entre governos. Ninguém deve ser empurrado para o final da fila das
vacinas devido ao sítio onde mora ou ao rendimento que consegue ter”, defendeu.
“Temos de trabalhar
juntos para vencer este vírus. Temos de reunir todo o conhecimento, experiência
e recursos à nossa disposição para o bem de toda a humanidade”, afirmou Imran
Khan, primeiro-ministro do Paquistão.
“Nenhum líder pode ficar
tranquilo até todas as pessoas de todas as nações poderem ter acesso rápido e
gratuito a uma vacina”, acrescentou.
A carta, coordenada
pelas organizações não governamentais UNAIDS e Oxfam, alerta que o mundo não
pode permitir monopólios ou concorrência que atrapalhem a necessidade universal
de salvar vidas.
“Esta é uma crise sem
precedentes e requer uma resposta sem precedentes”, considerou, por sua vez, a
ex-Presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf.
“Depois das lições
aprendidas na luta contra o Ébola, é óbvio que os governos devem remover todas
as barreiras ao desenvolvimento e implantar rapidamente vacinas e tratamentos.
Nenhum interesse é mais importante do que a necessidade universal de salvar
vidas”, disse.
Os líderes que assinam a
carta querem, no entanto, que haja, de imediato, um compromisso concreto que
garanta que a vacina fique acessível e disponível para todos o mais rapidamente
possível.
“As soluções de mercado
não são ideais para combater uma pandemia”, reiterou o ex-ministro das Finanças
do Brasil Nelson Barbosa.
“Um sistema público de
saúde, incluindo vacinação e tratamento gratuitos quando disponíveis, é
essencial para lidar com o problema, como mostra a experiência brasileira com o
licenciamento obrigatório de medicamentos anti-rectrovirais no caso do HIV”,
concluiu.
Desde que foi detectada
na China, em Dezembro do ano passado, a pandemia da covid-19 já provocou mais
de 294 mil mortos e infectou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e
territórios, segundo um balanço da agência de notícias AFP.
Depois de a Europa ter
sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano
passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (1,86 milhões contra 1,8
milhões no continente europeu), embora com menos mortes (111 mil contra 160
mil).ANG/Angop
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