OMS
alerta para agravamento da situação alimentar em África
Bissau, 15 mai 20 (ANG)
- A directora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África,
Matshidiso Moeti, alertou quinta-feira para o agravamento que a Covid-19 está a
provocar na situação alimentar no continente africano, onde mais de 200 milhões
de pessoas estão subnutridas.
Durante uma conferência de imprensa online, em
que participaram peritos da OMS do Ruanda e do Programa Alimentar Mundial
(PAM), sobre a Covid-19 em África, Matshidiso Moeti considerou a situação
alimentar no continente "uma questão urgente".
"A pandemia de
Covid-19 está a agravar a situação", disse.
Igualmente presente na
referida conferência, o directora regional do Programa Alimentar Mundial (PAM)
para a África Ocidental e Central, Chris Nikoi, afirmou que, se nada for feito,
muitos milhares de pessoas poderão ficar sem capacidade de se alimentar por
causa do impacto da Covid-19.
A produção alimentar
será "seriamente afectada" se muitas pessoas forem infectadas pela
doença, advertiu.
Para Chris Nikoi,
"é preciso encontrar um balanço entre as pessoas circularem e não
difundirem nem apanharem o vírus".
Matshidiso Moeti reiterou
a necessidade de medidas que evitem a propagação da doença: "Uma das
principais medidas para prevenir a Covid-19 é evitar as reuniões em massa. O
princípio é manter uma distância sempre que possível e incentivar a utilização
de barreiras como as máscaras".
A especialista
reconheceu que "o impacto e propagação da Covid-19 não é o mesmo em todas
as zonas dos países" e adiantou que a OMS está a trabalhar com alguns
Estados e a pedir-lhes que "analisem os dados e levantem as restrições em
áreas onde o risco é mínimo".
Ao mesmo tempo, alertou
para a necessidade dos serviços prosseguirem o tratamento de doenças crónicas,
como a obesidade ou a diabetes.
Tal como aconteceu na
semana passada, Matshidiso Moeti foi várias vezes questionada pelos jornalistas
que participaram online no evento sobre o chá com propriedades alegadamente
curativas que o Governo de Madagáscar está a promover.
"A OMS trabalha há
muitos anos com o sector da medicina tradicional em África. Trabalhamos muito
para facilitar a colaboração e para incorporar a medicina tradicional nos
sistemas nacionais de saúde", disse.
E assegurou:
"Qualquer medicamento, incluindo esse chá de Madagáscar, terá de ter os
seus efeitos cientificamente testados e é isso que estamos a encorajar".
"Quando celebrarmos
a eficácia deste medicamento, ou outro, será com base nos resultados obtidos em
ensaios clínicos", disse.
Para já, a responsável
sublinhou que não há ainda qualquer sinal de evidência do produto.
Em África, há 2.475
mortos confirmados, com quase 72 mil contaminados em 53 países, segundo as
estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.ANG/Angop
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