Política/”Decreto presidencial que criou a Comissão Técnica para Revisão
da Constituição é inconstitucional”, diz a LGDH
Bissau,
13 Mai 20 (ANG) – A Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH) considera de
inconstitucional o decreto presidencial que criou o que diz ser“ “pseudo” Comissão Técnica para no prazo de três meses apresentar ao Presidente
da República um esboço do projecto da revisão da Constituição com indicações dos
artigos a rever e o sentido das modificações que nele pretendem introduzir.
Vista da sede da LGDH em Bissau |
A
reacção vem expressa num comunicado da LGDH à imprensa feito no dia 12 do
corrente mês, à que a ANG teve acesso hoje.
No
comunicado, a Liga diz que o decreto para além de inconstitucional representa
grave violação do deposto no n˚ 2 do artigo 127 da Constituição da República
que atribui aos deputados de forma peremptória a iniciativa e legalidade de
rever a Constituição.
Acrescenta
que a iniciativa consubstancia uma afronta ao princípio da separação de poderes
plasmado na lei magna do País, e que a evidência dramática e crescente
protagonizada pelo novo inquilino do palácio da República representa atropelos
à ordem constitucional vigente e às conquistas democráticas na
Guiné-Bissau.
"Os
princípios de separação de poderes é subordinação de todos
à Constituição e constituem a base da estrutura do Estado de Direito e
valores ideológicos do nosso sistema democrático, visando assegurar o equilíbrio
imprescindível no exercício do funções públicas, em nome da estabilidade
governativa e da transparência na gestão de coisa pública, realça a LGDH."
No
mesmo comunicado a Liga refere que mesmo
os deputados detentores de poder derivado de revisão constitucional estão
vinculados ao critério, limites e normas previamente estabelecidos pelo
constituinte originário não podendo em nome duma pretensa revisão violar tais
limites sob pena de por em crise os ditames do Estado de direito.
Segundo
a Liga, a revisão constitucional pela sua dimensão e impacto na vida duma Nação, requer a participação inclusiva e activa de
todos os quadrantes nomeadamente sociais, culturais, políticos, económicos e
religiosos pelo que só assim será o resultado duma reflexão colectiva de um Povo
soberano e não consequência de uma imposição externa, sobretudo num período em que
a população está a enfrentar uma das maiores crises económicas e sociais de
sempre.
"A
Assembleia Nacional Popular institui no passado recente uma Comissão Eventual
para Revisão Constitucional a qual integra na composição a Presidência da República
e demais órgãos da soberania e sociedade civil cujo trabalhos estão em
curso”, lembra LGDH no comunicado.
O
documento sustenta que, devido as
implicações de perniciosas do aludido decreto presidencial no sensível e frágil
ambiente político e social, a direcção nacional da LGDH condena sem reservas a
deriva constitucional de sua excelência Presidente da República a qual
consubstancia numa flagrante violação do principio de separação do poderes e um
indício de propensão perigosa para o exercício arbitrário do poder.
Exige
dos titulares dos órgãos da soberania a conformação das respectivas condutas
aos ditâmes da Constituição e das leis como
única via sustentável para estabilização política, sob pena de provocar roturas
maiores do tecido social.
Ainda
relembra que havendo já uma Comissão para Revisão constitucional inclusiva instituída
pela ANP, qualquer iniciativa do género representaria não só uma duplicação de atividades e promoção de divergências do
assunto que requer consenso mas também desperdício dos escassos recursos de que
dispõem.
O
Presidente Umaro Sissoco Embaló anunciou terça-feira ,através de um decreto, a
composição da comissão técnica encarregue de preparar o texto de revisão da Constituição da República
contestada pela LGDH. ANG/MI/ÂC//SG
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